Cemig manda bilhões para os acionistas e cobra caro das famílias

Aconteceu na tarde de ontem (05), em Belo Horizonte, uma audiência pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a revisão tarifária da Cemig, a empresa distribuidora de energia […]

Aconteceu na tarde de ontem (05), em Belo Horizonte, uma audiência pública da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a revisão tarifária da Cemig, a empresa distribuidora de energia elétrica do estado de Minas Gerais. 

Mais uma vez a audiência pública seria para legitimar o reajuste de 9,06% da tarifa residencial e o desconto de até 40% para as grandes indústrias. Esse foi o discurso dos representantes da Aneel e da Cemig. Para defender o interesse das famílias mineiras, movimentos sociais e sindicais participaram da audiência contrapondo a proposta de aumento nas tarifas.

Pelos dados apresentados pela empresa, apesar da redução de cerca de 9% nos gastos da Cemig em distribuição de energia, o reajuste preliminar médio seria de 6,36%. No entanto os consumidores residenciais teriam um reajuste de 9,06% nas suas contas de luz. Essa informação desagradou muito os participantes da audiência, que farão denúncias em todo o estado.

“Logo depois que a Presidenta Dilma anunciou a redução do preço da luz em 18% para o povo brasileiro, a Cemig e os representantes da direita de Minas Gerais, que não aceitaram a renovação das concessões, querem esse reajuste impedindo que os trabalhadores deixem de receber o desconto integral. Enquanto que em estados como o Rio Grande do Sul o desconto para os consumidores pode chegar até a 26%, aqui em Minas, com essa revisão da tarifa, nosso desconto não chegará a 10%”, protestou Joceli Andrioli, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

Segundo representantes da Cemig, estava previsto um investimento menor com a compra de energia, mas empresa teria gasto mais de R$ 300 milhões além do previsto. Este gasto somado aos encargos setoriais, transmissão, geração e distribuição seria agora repassado ao consumidor residencial.

Joceli destaca que não é o setor residencial que deve pagar a conta do aumento de custos da Cemig enquanto que a empresa favorece grandes negócios, vendendo energia barata aos consumidores livres e concedendo um grande desconto para estes setores. “Quem vai usar a energia e pagar a preço de banana são as grandes empresas consumidoras, as eletrointensivas que gastam muita energia, poluem muito o meio ambiente e empregam poucos trabalhadores. “Mas quem paga a conta?”, questionou Joceli, “o trabalhador, o consumidor residencial”, afirmou.

Os lucros da Cemig

A Cemig tem batido recorde de lucros e repassado aos acionistas (80% dos acionistas são estrangeiros). O lucro líquido em 2011 foi 2,4 bilhões de reais. Deste total, a Cemig repassou aos acionistas privados 1,3 bilhões de reais. Já em 2012, o lucro repassado foi de 3,3 bilhões, enquanto que o lucro obtido foi de 2,5 bilhões de reais. Isto é, a empresa repassou mais lucro aos acionistas privados do que arrecadou. “Por isso, mais uma vez querem que o povo pague a conta”, criticavam os manifestantes na audiência de ontem.

As críticas só aumentam

Atualmente, a empresa detém cerca de 25% do mercado livre de energia, comercializando 19.738.116 MWh com 315 clientes dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Pará, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Goiás. Isso faz da

Cemig a maior comercializadora de energia elétrica para clientes finais do Brasil.

No entanto, quando se trata do atendimento aos consumidores residenciais, as reclamações são inúmeras. O coordenador geral do Sindieletro de Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, criticou a qualidade do serviço oferecido pela Cemig e frisou que o dinheiro da empresa não é revertido para o consumidor.

Os dados mostram que 77% dos consumidores da Cemig esperam uma média de 14,32 horas para o religamento da energia, o que para Jairo é conseqüência direta de uma rede de energia tão antiga. “Há lugares em que a rede da Cemig tem mais de 30 anos”, ressaltou.

Jairo também destacou as mortes dos eletricitários que são submetidos a condições precárias de serviço. “Não é possível que Aneel realize uma audiência pública e não leve em consideração a insatisfação do consumidor e a precarização das condições de trabalho”, afirmou. As mortes dos trabalhadores continuam, a média em Minas Gerais é de um trabalhador falecido em serviço a cada 45 dias.

Plebiscito Popular debaterá modelo energético em Minas Gerais

Toda essa conjuntura da energia no estado de Minas Gerais está levando um amplo conjunto de organizações sociais, sindicais e populares a organizarem um Plebiscito Popular sobre a energia elétrica. O Plebiscito é uma eficiente metodologia de fazer o trabalho de base e discutir com as famílias os problemas que enfrentam.

Em Minas, o Plebiscito está previsto para acontecer em outubro deste ano, e até lá será feito um grande mutirão de debates sobre o tema. Está sendo organizado para o próximo sábado um seminário de discussão em preparação ao Plebiscito Popular.

 

Com informações do Sindieletro/MG

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