Dom Pedro Casaldáliga deixa sua casa após ameaças de morte
A Terra Indígena de Marãiwatsédé é alvo de uma disputa histórica entre índios Xavantes e posseiros que chegaram à região nos anos 1950. Em 1966 uma parte dos indígenas foi […]
Publicado 12/12/2012
A Terra Indígena de Marãiwatsédé é alvo de uma disputa histórica entre índios Xavantes e posseiros que chegaram à região nos anos 1950. Em 1966 uma parte dos indígenas foi retirada à força das terras onde moravam e levados para a Missão Salesiana São Marcos, na cidade de Barra do Garça, que fica a cerca de 400 quilômetros de distância. A operação foi feita pelo governo da Ditadura Militar tendo amplo apoio logístico da Força Aérea Brasileira (FAB). Devido à mudança brusca, 150 Xavantes morreram após contraírem sarampo.
Em 1992, outra invasão marcou a etnia. Durante a ECO 92, enquanto os índios denunciavam sua situação e recebiam a promessa de ter 165 mil hectares devolvidos, políticos locais, posseiros e empresas organizavam mais uma operação que resultou na tomada da terra destinada aos indígenas.
A disputa atravessa décadas marcada por episódios de ameaças constantes e assassinatos, sobretudo contra lideranças que apóiam a luta dos índios Xavantes, donos legítimos da terra que foi demarcada em 1998 via decreto judicial.
Dom Pedro, reconhecido defensor dos direitos humanos e da luta dos trabalhadores e trabalhadoras, é uma das personagens conhecidas internacionalmente por defender o direito dos Xavantes contra a ação de posseiros aliados a empresas internacionais que destroem a floresta e viola direitos. Ele vem recebendo recados de posseiros da região dizendo ser ele o problema e afirmando que faria uma visita para ele. A distância entre o centro do conflito, o Posto da Mata, e São Félix do Araguaia não passa de 120 quilômetros.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) declara total apoio à luta dos Xavantes pela posse da terra que pertence a eles por direito garantido na Constituição Federal Brasileira e reitera a denúncia contra aqueles que ameaçam a vida de Dom Pedro Casaldáliga, personalidade reconhecidamente comprometida com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade, que aos 84 anos de idade e sofrendo de Mal de Parkinson se vê obrigado a deixar sua residência depois de receber recados e ameaças.
Dom Pedro, receba nossa solidariedade: sua luta é nossa luta, sua causa é nossa causa: a vida e a dignidade do povo brasileiro!
Com informações do Brasil de Fato e do G1.