Ato em Belo Horizonte reivindica justiça à Felisburgo
Rogério Hilário da CUT-MG Com o apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), movimentos sociais e lideranças políticas, o Comitê Justiça para Felisburgo realizou na tarde de segunda-feira […]
Publicado 12/12/2012
Rogério Hilário
da CUT-MG
Com o apoio da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT-MG), movimentos sociais e lideranças políticas, o Comitê Justiça para Felisburgo realizou na tarde de segunda-feira (10) um ato público no Dia Internacional dos Direitos Humanos contra a violência no campo e pela condenação dos responsáveis pelas mortes de cinco sem-terra há oito anos, no Acampamento Terra Prometida, em Felisburgo. Participaram da atividade, no auditório do Crea-MG, em Belo Horizonte, João Pedro Stédile, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e a jornalista José Maria Rabello.
No encerramento do ato, todos saíram em marcha até o prédio da 12ª Vara de Justiça Federal, onde foi entregue um documento endereçado à juíza titular Rosilene MariaClemente de Souza Ferreira exigindo Justiça para Felisburgo e o fim da violência no campo. O documento foi recebido pela diretora da Secretaria da Vara Cerleme Raniere. Desde 2009, a Fazenda Nova Alegria, onde fica o Acampamento Terra Prometida, está em processo de desapropriação por crime ambiental. No entanto, o fazendeiro Adriano Chafik, mandante e executor da chacina, vem conquistando vitórias seguidas na Justiça Federal tanto para impedir a reforma agrária quanto para a reintegração de posses das terras, que são originalmente do governo federal. Nenhuma família foi indenizada, e o julgamento do acusado de ser o mandante da chacina, Adriano Chakif Luedy, está previsto para 17 de janeiro em Belo Horizonte.
Uma mística, com a participação de militantes e sem-terrinhas, que simbolizou os assassinatos de Iraguiar Ferreira da Silva, 23 anos; Miguel José dos Santos, de 56; Juvenal Jorge da Silva, de 65; Francisco Ferreira Nascimento, de 72; e Joaquim José dos Santos, de 48, abriu a atividade. Depois, falou uma das sobreviventes do Massacre de Felisburgo, Maria Gomes Soares, a Eni. Me lembro que chuva lavou o sangue dos meus companheiros. Eles não se contentaram em matar, queimaram a escola, a biblioteca, os barracos. Depois de tanto tempo, ninguém foi indenizado, os responsáveis estão em liberdade. Os órfãos sofrem injustiças por parte do Adriano Chafik e do governo do Estado, que não fez nada. E os pistoleiros nos rondam, ameaçando, protestou Eni.
Ela reservou uma boa notícia para o fim da sua fala. A terra da fazenda é boa e, com a produção do acampamento, já abastecemos 80% da população de Felisburgo. São homens e mulheres trabalhando e produzindo.
João Pedro Stédile lembrou que, mesmo com dez anos de governo do campo democrático e popular, pouco se fez no Brasil pela reforma agrária e contra a violência no campo. O agronegócio sempre reage e se arvora o direito de cobrar com vidas sempre que se sente ameaçado. O Brasil precisa preservar o direito à vida, pois o direito à propriedade vem em segundo lugar. Estamos aqui para dar um basta na violência e pela concretização da reforma agrária em nosso país. Não podemos descansar até que Adriano Chafik e seus 17 pistoleiros sejam condenados, disse Stédile.
José Maria Rabello, jornalista que criou o jornal satírico Binômio e foi obrigado pela ditadura militar a se exilar, lembrou outros massacres de trabalhadores rurais e agradeceu pelo convite para participar do ato. Sou solidário à luta dos trabalhadores do campo. Essa é apenas uma etapa das lutas que o MST e outros movimentos precisarão travar pela reforma agrária no Brasil.
A presidenta da CUT-MG, Beatriz Cerqueira, reiterou o apoio ao MST. A CUT sempre estará ao lado dos trabalhadores rurais e sempre dará apoio à luta no campo, afirmou Beatriz Cerqueira.
As falas foram interrompidas para dar continuidade ao ato no saguão do prédio da 12ª Vara de Justiça Federal, para onde os manifestantes seguiram em marcha. Eles ocuparam a entrada do prédio e exigiram a presença da juíza Rosilene Maria Clemente de Souza Ferreira para receber documento do Comitê Justiça para Felisburgo. Funcionários do órgão disseram que a magistrada não se encontrava no local e a secretária Cerleme Raniere se comprometeu a entregar o documento à juíza.