Ocupação de Belo Monte vai continuar se Norte Energia não tiver solução concreta
Está marcada para esta terça-feira (16) a partir das 14h, reunião entre os ocupantes da ensecadeira da barragem de Belo Monte e representantes do Ministério Público Federal, Funai, Ibama e […]
Publicado 16/10/2012
Está marcada para esta terça-feira (16) a partir das 14h, reunião entre os ocupantes da ensecadeira da barragem de Belo Monte e representantes do Ministério Público Federal, Funai, Ibama e Norte Energia. Essa audiência foi agendada depois que o juiz federal Marcelo Honorato negou pedido de reintegração de posse ontem em favor da Norte Energia.
A reunião deverá acontecer em local próximo à área ocupada por indígenas e pescadores desde o dia 8 de outubro. A empresa também está obrigada a fornecer água potável, o que havia cortado, para garantir as condições mínimas de negociação.
A ocupação aconteceu porque a Norte Energia não cumpriu condicionantes e compromissos com os indígenas e pescadores. A ação tem o apoio dos atingidos pela barragem em geral, dos quais muitos vêm contribuindo com alimentos. A empresa está apertada, pois precisa concluir a construção da ensecadeira antes do período chuvoso. Nesta parte da obra trabalham em torno de 2 mil operários.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) segue apoiando a ocupação. Os militantes do MAB relataram que famílias empobrecidas de áreas alagadiças de Altamira, também ameaçadas por Belo Monte e abandonadas pelo poder público, estão arrecadando alimentos para mandar para o acampamento: Hoje são vocês, amanhã pode ser a gente, justificou uma militante.
De acordo com a empresa, os moradores das áreas alagadiças de Altamira, que somam 25 mil pessoas, deverão sair até julho de 2014, porém até hoje as famílias não sabem sequer o local para onde vão.
Os indígenas contaram que a ocupação é pacífica, bem ao contrário do que tenta mostrar a Norte Energia. E disseram que dessa vez não querem ser mais enganados pela empresa. Eles só saem com a garantia de que os compromissos serão cumpridos.
Nunca pensei que o Xingu fosse ficar nessa situação, sem peixe, desabafa pescadora
Entre os pescadores, que já estão acampados próximos à ensecadeira há 32 dias, está Rosa Silva Gomes, 65 anos, 15 filhos. O marido e a filha, Sebastião e Áurea, têm necessidades especiais. Ela mora e pesca logo abaixo do local da ensecadeira. A gente não agüenta mais as explosões, a terra até treme. O peixe está fraco. Antes a gente pegava até 150 kg de peixe por mês, hoje a gente não acha peixe nem para comer.
Rosa disse que já procurou a Norte Energia, mas a empresa não fez nada. E desabafou: nunca pensei que o Xingu fosse ficar nessa situação, sem peixe.
FOTO: Greenpeace