Luta dos pescadores traz governo a Altamira

A luta de pescadores atingidos pela barragem de Belo Monte trouxe a Altamira representantes do Ministério da Pesca da Casa Civil e da Superintendência da Pescado Estado do Pará. A reunião […]

A luta de pescadores atingidos pela barragem de Belo Monte trouxe a Altamira representantes do Ministério da Pesca da Casa Civil e da Superintendência da Pescado Estado do Pará. A reunião aconteceu nesta quarta-feira (26) na sede da Colônia Z-57, com mais de uma centena de pescadores presentes. 

Desde a semana passada ospescadores resolveram retomar a pesca próximo à área da ensecadeira, em construção pela Norte Energia, o que obrigou a empresa a paralisar a obra. Chegou a ser divulgada presença do Ministro da Pesca, Marcelo Crivela, mas ele não compareceu.

Os pescadores relataram que há peixes morrendo no Xingu e que a produção já diminuiu em 30%. Disseram ainda que estão ficando encurralados entre os obras da barragens e áreas reservadas aos indígenas. Criticaram a prepotência da Norte Energia, que proibiu o trânsito de embarcações na Volta Grande do Xingu sem dar a eles uma alternativa. “O rio é nosso, o rio é público”, desabafaram.

Lúcio Álves, presidente da Colônia Z-57, afirmou que “não queremos Belo Monte, a barragem veio para destruir o que temos de mais belo, o Xingu, para desenvolver lá fora e escravizar o povo daqui”. E apelou para que os direitos do povo sejam garantidos. Lúcio disse ainda que a Norte Energia está mandando na região e reivindicou do governo apoio para pressionar a empresa.

Os pescadores apresentaram uma pauta com quatro pontos principais para compensar os danos já causados pela obra: uma central de beneficiamento e comercialização de pescado, incluindo desde caminhões até a construção do mercado do peixe; construção de bairro de pescadores, com possibilidade de aqüicultura; ordenamento pesqueiro, com regras claras e considerando a visão do pescador; 6 salários mínimos/mês até que o rio esteja novamente apto à pesca.

Os representantes prometeram incluir os pescadores em programas já existentes. Para a reivindicação de salários, alegaram que não têm resposta, mas vão levar o caso à Norte Energia.

“O MAB vem apoiando e acompanhando de perto a luta dos pescadores por ser uma luta justa, e defende que só o povo organizado poderá garantir seus direitos”, afirmou Claret Fernandes, militante do MAB na região de Altamira.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro