MAB realiza encontro de ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) iniciou nesta manhã (22) o encontro de coordenadores ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi. E encontro acontece no seminário da paróquia de […]
Publicado 23/08/2012
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) iniciou nesta manhã (22) o encontro de coordenadores ameaçados pelas barragens de Garabi e Panambi. E encontro acontece no seminário da paróquia de Santo Cristo, no Rio Grande do Sul e dele participam cerca de 80 militantes brasileiros e argentinos de entidades sociais, sindicais, pastores, padres, professores, entre outros. O objetivo da atividade é discutir a luta contra as barragens, bem como os direitos das famílias e o atual modelo energético.
O projeto das obras de Garabi e Panambi, localizadas entre o Rio Grande do Sul e as províncias argentinas de Missiones e Corrientes, é resultando de uma parceria entre a empresa estatal brasileira Eletrobrás com a empresa argentina Empreendimentos Energéticos Binacionales S.A. (ENBISA). Se construídas, elas formarão lagos que inundarão 96.960 hectares
O professor da Universidade de Cruz Alta, Domingos Rodrigues, especialista na área de direito agrário, incentivou que a população atingida deva se organizar e lutar para garantir seus direitos. Segundo ele, a luta é um direito de todas as pessoas e está na constituição brasileira. Os que mais sofrerão com as duas barragens são os pequenos agricultores, pois além de serem expulsos de suas terras, vão perder suas culturas e suas histórias de vida, e isso não tem indenização, falou Domingos.
No encontro também estavam presentes atingidos pelas hidrelétricas de Itá, Machadinho e Barra Grande, que contaram a história da luta de resistência contra as barragens e a luta para garantir seus direitos. Além disso, trouxeram depoimentos de como as empresas que constroem as hidrelétricas agem quando vão implementar os projetos nas comunidades, municípios e região.
Rosana Mendes, atingida pela barragem de Barra Grande, contou que antes de construir as barragens, as empresas vem com o discurso de que as hidrelétricas trazem desenvolvimento para as comunidades, municípios e para os atingidos, e isso não é verdadeiro. Rosana explica: Hoje no Brasil existem mais de 1 milhão de atingidos por barragens e desses, 70% não receberam nenhum direito. São expulsos de suas propriedades e isso acaba esfacelando as comunidades, além de causarem imensos problemas ambientais como secas e enchentes.
Para o MAB, o interesse das grandes empresas na construção de Garabi e Panambi é o mesmo que na construção das outras barragens no Brasil: o lucro gerado com a venda da energia. Segundo Marco Antônio Trierveiller, da coordenação do MAB, avaliou-se que atualmente, com os contratos de comercialização de energia, a energia elétrica está sendo vendida a preços que variam entre 130,00 reais a 140,00 por MWh. Portanto se as duas barragens juntas produzirem em média 1.100 MWh (50%) de energia firme, terão uma receita de 1,23 bilhões por ano. Nos trinta anos a receita será de 36,9 bilhões de reais. Ainda terá os lucros das empreiteiras, a apropriação privada do dinheiro público através do financiamento do BNDES, a apropriação de 96,96 mil hectares de terras, o controle da água na região e a expulsão de 12.600 pessoas de suas terras, do seu trabalho e de seu sustento. Soma-se a isto a destruição da natureza, conclui o coordenador.
Vamos resistir, porque queremos nossos direitos, vamos ficar sem terra, sem trabalho e renda, estamos com medo que tenhamos que migrar para os grandes centros urbanos e isso causará um grande impacto social na vida das famílias de nossa comunidade, diz Milton César Gehardt, atingido pelo complexo Garabi/Panambi.
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