Belo Monte causa divisão de aldeias e diminuição do rio
Por Daniele Silveira, da Radioagência NP Os dois engenheiros da empresa Norte Energia, consórcio responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, continuam detidos na aldeia Muratu. A informação foi […]
Publicado 25/07/2012
Por Daniele Silveira, da Radioagência NP
Os dois engenheiros da empresa Norte Energia, consórcio responsável pela construção da hidrelétrica de Belo Monte, continuam detidos na aldeia Muratu. A informação foi confirmada pela empresa nesta quarta-feira (25). Na última segunda-feira (23), os representantes do grupo empresarial se reuniram com índios Juruna e Arara para a discussão dos mecanismos que serão criados após o barramento do rio Xingu (PA).
Os indígenas alegam que faltou clareza na apresentação do projeto, além de a linguagem adotada ter sido extremamente técnica. Sem explicações suficientes, os índios não permitiram que os funcionários deixassem o local até que a empresa atenda algumas demandas.
O integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Antônio Claret, explica como esse trecho da obra irá impactar a vida do povo nativo.
O barramento vai significar um trecho de 100 km, que é a Volta Grande do Xingu, a vazão do rio vai ficar apenas em 20%. Então, na verdade, vai ficar um fio d´água, e isso é extremamente impactante para todos os povos que moram ou que necessitam dessa água do rio, como os pescadores, e também para os indígenas.
Antônio ainda conta outros problemas gerados pelo empreendimento.
A empresa está doando coisas para os indígenas, doa voadeira [canoa usada por ribeirinhos na Amazônia], doa R$ 30 mil para cada aldeia por mês, doa combustível, e isso está massacrando os indígenas ainda mais. Eram 19 aldeias afetadas, então essas 19, elas passaram para 34 aldeias, justamente porque os indígenas começam a se dividir.
Entre as principais reivindicações dos índios para a liberação dos engenheiros está a conclusão do sistema de abastecimento de água nas aldeias das terras indígenas afetadas e que o Ibama e a Funai assumam o compromisso de não liberar a obra até que exista clareza e segurança sobre a transposição.
De São Paulo, da Radioagência NP, Daniele Silveira.