Congresso investiga denúncia de tortura em Jirau

Do portal da Folha de S.Paulo

O Congresso Nacional investiga denúncia de operários submetidos a tortura na obra de construção da Usina Hidrelétrica de Jirau.

A CPI do Tráfico de Pessoas pretende aprovar quarta-feira, em reunião extraordinária, a intimação de representantes das empresas que compõe o consórcio ESBR (Energia Sustentável do Brasil) para que prestem esclarecimentos sobre o caso.

Na semana passada, um dos funcionários contratados pelo grupo prestou depoimento na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Ele diz ter sido acusado como um dos responsáveis pelo incêndio que destruiu parte dos alojamentos, em abril deste ano, apenas porque portava um isqueiro.

“Ele é fumante desde os 12 anos de idade, segundo nos contou. Ao ser preso, sem que houvesse uma ordem judicial, ele sofreu todo tipo de tortura. Apanhou, foi humilhado, depois jogado na rua, demitido e sem direito a coisa alguma”, disse o presidente da CPI, deputado federal Arnaldo Jordy (PPS-PA).

A Comissão de Direitos Humanos também concluiu relatório, há pouco menos de um mês, em que defende que o governo federal e demais órgãos competentes investiguem situações de tortura psicológica, condições insalubres de trabalho e cárcere privado em Jirau.

Caso o pedido de intimação dos representantes da obra seja aprovado na CPI, os deputados só devem ouvir as explicações das empresas no próximo semestre, quando voltarem do recesso parlamentar.

OUTRO LADO

A ESBR, responsável pela construção e operação da hidrelétrica de Jirau, declarou que são “infundadas” as acusações sobre irregularidades nas condições de trabalho.

Em nota feita junto com a Camargo Corrêa, principal construtora na obra, a ESBR diz que repudia “qualquer forma de violência e desrespeito aos trabalhadores” e à legislação. Afirma ainda que todos os alojamentos e demais áreas estão em boas condições.