Movimentos que lutam contra megaprojeto de mineração no Peru são criminalizados
Após a morte de três manifestantes em protesto contra projeto de mineração, governo adota medida que restringe o direito de reunião, a inviolabilidade da residência e a livre circulação de […]
Publicado 04/07/2012
Após a morte de três manifestantes em protesto contra projeto de mineração, governo adota medida que restringe o direito de reunião, a inviolabilidade da residência e a livre circulação de pessoas
O governo peruano decretou na noite de ontem (03/07) estado de emergência e a militarização de três províncias na região de Cajamarca, no norte do país. A medida foi tomada após a morte de três pessoas em um protesto contra o projeto de mineração Conga, da transnacional norte-americana Newmont.
A medida restringe o direito de reunião, a inviolabilidade da residência e a livre circulação de pessoas, entre outras coisas. De acordo com o ministro da Justiça, Juan Jiménezo,o estado de emergência passa a vigorar nas províncias de Celendín, Hualgayoc e Cajamarca.
Os movimentos sociais peruanos denunciam que o episódio é parte de um processo de radicalização na postura do estado peruano em militarizar os conflitos e criminalizar as organizações populares.
Várias organizações sociais estão em greve geral há 34 dias contra o megaprojeto Conga, que coloca em risco as fontes de água da região. Esta mina, se for explorada, além de elevarar a demanda energética nacional, pressionando pela construção de várias hidro e termoelétricas, terminará de destruir o território de Cajarmarca, denuncia Antonio Zambrano, do Fórum de Solidariedade ao Peru.
Como parte das atividades de protestos, ontem os manifestantes se reuniram em frente à prefeitura da cidade para cobrar do prefeito de Celendín, Mauro Arteaga García, uma posição contrária ao projeto.
Foi nesse momento que ocorreram as mortes. Segundo Idelson Hernándes Llamo, um dos dirigentes do Comando Unitário de Luta da Região de Cajamarca, a Polícia Nacional Peruana- PNP chegou avançado violentamente contra o grupo. “Era uma manifestação pacífica e a PNP simplesmente nos atacou com tiros e bombas de efeito moral”, afirmou ao portal de notícias Opera Mundi.
Um vídeo postado no Youtube na manhã dessa quarta-feira mostra policiais que teriam participado do episódio de repressão utilizando ônibus da Newmont para o transporte. Newmont paga e transporta a polícia para reprimir a população, diz legenda do vídeo.
Conforme o setor regional de Saúde de Cajamarca, 15 pessoas ficaram feridas por armas de fogo que pertenceriam à polícia. Os três mortos são Eleuterio García Rojas, de 40 anos, José Silva Sánchez, de 35 anos e César Medina Aguilar, estudante de 17 anos.
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) se solidariza aos movimentos sociais peruanos na luta contra os megaprojetos de apropriação dos bens naturais e se soma à denúncia da criminalização do processo de resistência e da ação violenta do aparato policial.
*Com informações do portal Ópera Mundi