Repudiamos a criminalização de atingidos e lideranças que lutam contra a construção da barragem de Belo Monte
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem através desta manifestar seu repúdio e indignação frente à criminalização dos atingidos e lideranças que atuam na luta em defesa da vida, […]
Publicado 27/06/2012
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) vem através desta manifestar seu repúdio e indignação frente à criminalização dos atingidos e lideranças que atuam na luta em defesa da vida, da água, das florestas e dos povos na região impactada pela construção da usina hidrelétrica de Belo Monte.
Comprovadamente, a prática do grande capital e do Estado brasileiro tem sido construir estes projetos a todo custo, em nome da acumulação e mercantilização dos recursos naturais e da expropriação de tais recursos para poucos. Enquanto isso, os atingidos não têm prioridade no tratamento das questões sociais, muito menos de acesso à energia e às riquezas geradas. E quando se levantam em protesto, questionando tais projetos e reivindicando seus direitos negados, esse mesmo capital e o Estado os criminalizam.
O uso da violência e da repressão e a intimidação através dos mandados de prisão são mecanismos usados pelas empresas, que se utilizam do aparato estatal, principalmente da Justiça Brasileira, como forma de coibir e proibir que os atingidos expressem suas insatisfações.
Isso tem sido rotineiro, e já aconteceu nas barragens de Barra Grande, Campos Novos, Foz do Chapecó, Jirau, Santo Antônio, Estreito e muitas outras. Em Tucuruí, em 2009, 18 atingidos foram presos por que estavam lutando por seus direitos negados há mais de 25 anos. Esse é só um exemplo no tratamento dos atingidos no país. Muitas lideranças, em todo o Brasil, até hoje respondem a dezenas de processos criminais.
O que está acontecendo em Altamira é mais uma prova de que a prática de tentar calar a voz do povo e criminalizar as lideranças fere os princípios da democracia, que deveria primar pelo direito do povo de fazer a luta contra as barragens e por seus direitos.
Nós, do Movimento dos Atingidos por Barragens, defendemos a livre manifestação do povo, pois entendemos que a luta é legítima e faz parte do processo de conquistas. Também repudiamos toda e qualquer injustiça cometida contra os atingidos e as lideranças que tentam, com muito esforço, organizar o povo e fazer a luta por direitos.
Consideramos que os verdadeiros culpados pela violação dos direitos humanos em Belo Monte e em todas as demais barragens são as empresas construtoras e o Estado brasileiro.
Por fim, reafirmamos nosso compromisso de continuar na luta dos atingidos por barragens e na defesa de lideranças das diferentes organizações que estão lutando dia a dia junto com o povo.
Belo Monte para quê e para quem?
Água e energia não são mercadorias!
São Paulo, 26 de junho de 2012
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) – Brasil