Atingidos cobram direitos no norte de Minas

Colaboração de Priscila Souza e Daniel Cruz Cerca de 200 atingidos por barragens protestaram em frente ao prédio do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) em Montes Claros, […]

Colaboração de Priscila Souza e Daniel Cruz

Cerca de 200 atingidos por barragens protestaram em frente ao prédio do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (DNOCS) em Montes Claros, norte de Minas Gerais, durante a jornada de lutas do 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente.

Os manifestantes estão em luta para garantir os direitos dos atingidos pelas barragens de Berizal, Gorutuba e Jequitaí. Eles pedem o embargo da barragem de Berizal, que não tem licenciamento ambiental, garantia de revitalização da bacia do rio Pardo e disponibilidade de recursos hídricos. Quanto ao projeto Gorutuba, a luta é pelo reassentamento e a titulação de terras para as 300 famílias cadastradas pelo MAB.

À tarde, cerca de 100 manifestantes foram recebidos pelo coordenador estadual do DNOCS, Marco Antonio. O MAB, MST e Via Campesina pediram apoio para marcar audiência pública entre Ministério da Integração Nacional, DNOCS e Codevasf para discutir uma política nacional de desenvolvimento para o semiárido e tratamento dos direitos dos atingidos por barragens.

Também nesta reunião foram feitas denúncias sobre a falta de água para beber e produzir alimentos. Segundo os manifestantes, o não acesso à água não é fruto da seca e sim conseqüência de barragens como a de Berizal, localizada no Alto Rio Pardo, que concede água apenas para grandes projetos de irrigação, inundando terras férteis e abastecendo áreas improdutivas, deixando agricultores familiares em grandes dificuldades. Nestas áreas o acesso à água também sofre pela redução do volume hídrico do rio Pardo, provocado principalmente pelo monocultivo de eucalipto, forçando as famílias a utilizarem água contaminada por esgoto urbano para beber, cozinha, tomar banho e cultivar alimentos.

“Para mim o mais importante desta reunião foi a mobilização do povo que tem um propósito, pessoas que realmente querem produzir e lutam por condições. Fico ainda muito surpreso de ainda existir tanta gente com uma necessidade tão básica como a água e ver que não há no governo prioridade de orçamento para suprir demanda tão básica dos seres humanos”, disse o coordenador estadual do DNOCS Marco Antonio.

Sobre as denúncias feitas, o coordenador estadual do DNOCS reforçou o pedido de uma agenda com o Ministério da Integração Nacional, mobilizando o diretor geral do DNOCS, Emerson Fernandes, e mais dois deputados federais, Gabriel Guimarães e Ademir Camilo, para reforçarem junto ao Ministério quanto a urgência em se construir uma política nacional de desenvolvimento para o semiárido.

Também foram encaminhadas vistorias nas áreas em que a população não tem acesso à água potável para proposição e construção de projetos que solucionem os problemas levantados e solicitação de acesso a informação de como estão os processos de barragens, quem serão os atingidos e como será feita a indenização e reassentamento das famílias.

Simultaneamente, ainda no norte de Minas, hoje ocorrem atos públicos em Nova Porteirinha e Jequitaí. Em outras regiões do estado também ocorrem manifestações, como em Aimorés, onde os atingidos estão fazendo um ato público, e em Rio Doce, onde acontece o acampamento dos atingidos por Candonga.

As ações integram a jornada nacional do MAB por ocasião do Dia Mundial do Meio Ambiente.

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