Em jornada, MAB debate setor elétrico Brasileiro

Fonte: Radioagencia NP http://radioagencianp.com.br/10665-Em-jornada-MAB-debate-setor-elEtrico-Brasileiro No dia 14 de março é celebrado o Dia Internacional de Luta contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida. Para esta data, o […]

Fonte: Radioagencia NP

http://radioagencianp.com.br/10665-Em-jornada-MAB-debate-setor-elEtrico-Brasileiro

No dia 14 de março é celebrado o Dia Internacional de Luta contra as barragens, pelos rios, pela água e pela vida. Para esta data, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) organiza uma série de mobilizações em uma Jornada de Lutas. Dos dias 13 a 15, acontecem ações no Rio de Janeiro (RJ), Florianópolis (SC), Brasília (DF), Fortaleza (CE) e Porto Velho (RO). No estado paraense as atividades são em Belém, Altamira e Tucuruí.

Entre os atos, está o lançamento da campanha “Todos pela Energia”, na terça-feira (13), na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. A ação defende a renovação das concessões do setor elétrico e contra a privatização da energia. Além do MAB, participam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a CUT e a Federação Nacional dos Urbanitários (FNU).

Para debater o modelo energético brasileiro e as propostas de um projeto popular para o setor, a Radioagência NP entrevistou a integrante da coordenação nacional do MAB, Daiane Hohn. Ela denuncia que mais de 2 mil barragens já foram construídas no Brasil  e mais 1.443 pretende se erguer no atual governo, causando graves violações de direitos e consequências ambientais.

 

Radioagência NP: Daiane, o que é o Movimento dos Atingidos por Barragens?

Daiane Hohn: O MAB é uma organização feita pelas pessoas atingidas pelas hidrelétricas e barragens que foram construídas no Brasil. Os atingidos são ribeirinhos, pescadores, camponeses, quilombolas, indígenas e, agora, a população urbana. As últimas obras, como Belo Monte, estão atingindo a população urbana. O MAB está organizado em 14 estados do Brasil. Nosso objetivo é buscar os direitos dessa população que é atingida pelas barragens e construir um projeto popular para a [produção de] energia.

Radioagência NP: Qual a avaliação do MAB sobre o modelo energético brasileiro?

DH: O modelo energético implantado no nosso país tem atendido às grandes empresas consumidoras de energia – as grandes mineradoras, siderúrgicas, papeleiras –, o setor industrial mais pesado. A tarifa [de energia] para esses grupos é muito pequena, é inclusive subsidiada [pelo Estado]. E a tarifa para o povo brasileiro é a um preço exorbitante. Estamos pagando aproximadamente R$ 0,50 centavos por  quilowatt (kWh) de energia, enquanto as grandes empresas pagam R$ 0,05 centavos. O modelo que está instalado não é para atender a população brasileira. Tanto prova isso, que muitas pessoas não têm energia nas suas casas.

Radioagência NP: Em que consiste esse projeto energético popular?

DH: Principalmente, que a energia produzida seja destinada ao povo brasileiro. Um acesso digno, com qualidade no fornecimento de energia e com um preço acessível. A matriz que está sendo usada no Estado brasileiro é basicamente a hídrica – feita a base de água. O projeto energético popular se baseia em que há outras fontes de energia, que devem ser estudadas e praticadas, e aí têm a eólica, a solar, a própria hídrica – mas não com essa intensidade que ela está sendo agora. Então, não é um debate simplesmente técnico, mas um debate político que está implementado. Além disso, um processo energético popular perpassa pelo petróleo – o pré-sal – que é uma energia que é do povo brasileiro, da soberania do povo brasileiro.

Radioagência NP: O que vocês defendem na Jornada de Lutas do MAB e por que foi escolhida essa semana?

DH: Na quarta-feira [dia 14 de março] nós comemoramos o Dia Internacional de Luta contra as Barragens, dia histórico para os atingidos por barragens. Nós estamos dizendo que somos contra as barragens e queremos a defesa dos rios, da água e da vida. Essa é nossa mensagem para a sociedade. De forma geral, são atos em que nós queremos defender os direitos dos atingidos, dizer que somos contra as hidrelétricas, especialmente a hidrelétrica de Belo Monte, somos contra a privatização do setor elétrico, estão vencendo as concessões em 2015 e nós não queremos a privatização das estatais de energia, não à privatização da água e que a tarifa de energia seja uma tarifa que o povo brasileiro possa pagar e não esse roubo que é a tarifa hoje.

Radioagência NP: Qual a leitura que o MAB vem fazendo da privatização do setor energético?

DH: Em 2015 vencem várias concessões [do sistema energético], da Chesf, da Eletronorte, da Eletrosul. E a leitura que nós fazemos é que com a privatização desse setor, ficaria muito mais difícil o diálogo. Porque nós compreendemos que os trabalhadores dessas estatais vão sair perdendo. Nós percebemos que compulsoriamente quando há privatização, os trabalhadores são demitidos, há cortes de salários e cortes de direitos de uma forma geral. Sobre as populações que são atingidas, como a construção de hidrelétricas tem uma parte que é capital privado, mas que o governo tem parte em várias hidrelétricas, então, nós entendemos que o governo tem parte nisso, tem responsabilidade sobre essas obras. Quando nós falamos que se privatizar o sistema Eletrobrás como um todo, nós percebemos que a relação, o diálogo, ficará muito mais complicado. Por isso, nós não queremos a privatização do setor. Nós defendemos que as empresas permaneçam nas mãos do Estado brasileiro.

De São Paulo, da Radioagência NP, Vivian Fernandes.

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