Mulheres atingidas por barragens fazem encontro estadual em Minas Gerais
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou na cidade de Betim nestes 11 e 12 de dezembro o I Encontro Estadual das Mulheres Atingidas por Barragens de Minas Gerais, […]
Publicado 13/12/2011
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou na cidade de Betim nestes 11 e 12 de dezembro o I Encontro Estadual das Mulheres Atingidas por Barragens de Minas Gerais, do qual participaram cerca de 100 mulheres organizadas nas regiões Norte, Leste e Zona da Mata do estado.
O encontro dá continuidade às discussões suscitadas pelo relatório do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) que apontou a existência de um padrão de violação de direitos na implantação de barragens no Brasil e que as mulheres são as maiores vítimas deste processo.
Na primeira parte do encontro, Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial Mulheres e da Consulta Popular, contribuiu no debate sobre como homens e mulheres são historicamente educados para assumirem papeis sociais bem distintos e qual a relação disto com a divisão sexual do trabalho. Foi destacado que em ambos os casos as mulheres permanecem em desigualdade em relação aos homens sempre colocadas em um papel secundário na sociedade mesmo exercendo um papel central no processo de acumulação capitalista.
Todas as participantes foram provocadas a questionar este modelo e a propor formas organizativas e novas práticas de comportamento no cotidiano que visam superar estas desigualdades. Devemos buscar a mudança do nosso comportamento, dos nossos companheiros e o de toda a sociedade, mas as mulheres não vão se libertar sozinhas. A construção de novas relações certamente trará conflitos que devem ser enfrentados de forma organizada e coletiva, enfatizou Bernadete.
Também contribui no encontro Ranulfo Peloso, do Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapientiæ CEPIS, que conversou com as mulheres sobre como foi historicamente construído a subjugação das mulheres e o papel das leis, das religiões e dos meios de comunicação neste processo. As atingidas foram convidadas a dizer quais são seus sonhos e desejos para a nova sociedade e a pensar no desafio permanente de lutar como mulher ciente de sua necessária emancipação e também como mãe e militante que luta como classe trabalhadora.
Para Marta Araújo, atingida pela barragem de Fumaça na região da Zona da Mata, o encontro foi muito importante porque há muitas mulheres atingidas que ainda não sabem nem seu valor nem seus direitos. Não queremos ser melhores do que os homens, mas buscar a transformação de forma coletiva. As mulheres devem assumir cada vez mais seu papel e entender a sua importância na organização e nas lutas pelo direito dos atingidos, afirma.
O objetivo do encontro foi fortalecer a participação e o protagonismo das mulheres em todas as instâncias do movimento, desde as coordenações dos Grupos de Base, bem como avançar no debate sobre emancipação na busca de construir uma nova sociedade sem exploração comenta Soniamara Maranho, membro da coordenação nacional do MAB. Ela acredita que foi dado mais um passo neste sentido, mas espera agora que elas retornem às suas regiões e continuem os debates nos Grupos de Base e nas instâncias de que participam nas regiões, sendo cada vez mais protagonistas. Na sequência do I Encontro Estadual das Mulheres Atingidas por Barragens de Minas Gerais, acontece o III Encontro Estadual do MAB no estado, que prossegue até quinta-feira (15).