Rompimento de comporta coloca em risco famílias no Paraná

Na última segunda-feira (26/09) uma das nove comportas da Usina Hidrelétrica Salto Osório, se rompeu da estrutura da barragem ocasionando apreensão, medo e insegurança em centenas famílias da região. A […]

Na última segunda-feira (26/09) uma das nove comportas da Usina Hidrelétrica Salto Osório, se rompeu da estrutura da barragem ocasionando apreensão, medo e insegurança em centenas famílias da região. A barragem fica localizada no rio Iguaçu, entre os municípios de Quedas do Iguaçu e São Jorge do Oeste, no estado do Paraná.

Oficialmente o grupo Suez Tractebel, que tem a concessão da usina, ainda não se manifestou sobre a situação. Para solucionar o problema, será necessário diminuir o lago da usina em 20 metros de profundidade, praticamente secando o reservatório. Segundo o relato de ribeirinhos da região, uma grande quantidade de peixes está morrendo por conta da secagem do lago.

“Essa é uma situação complicada. Foi o rompimento de uma comporta, mas quem garante que isso foi um acidente isolado e não poderá se repetir em uma proporção mais grave? As famílias estão apreensivas, as informações são bastante imprecisas e isso nos preocupa muito”, pondera Robson Formica, da coordenação do MAB no Paraná.

Para o engenheiro eletrecista e diretor do Sindicato dos Engenheiros do Paraná, Antônio Goulart, esse problema pode refletir o contexto do setor elétrico pós-privatizações. “Primeiro veio o apagão como resultado da falta de investimento das empresas privadas, depois a precarização das condições de trabalho dos trabalhadores do setor elétrico e mais recentemente tivemos, além do apagão das linhas de transmissão de Itaipu, uma série de explosões e de problemas graves com distribuidoras, como a Ligth, no Rio de Janeiro. Agora esse problemão que poderia ter sido muito mais grave na UHE Salto Osório. Esses são problemas que revelam o quanto prejudicial foi e continua sendo a privatização do setor elétrico”, afirma Goulart.

A Suez Tractebel é a maior produtora privada de hidreletricidade no Brasil. Na região sul controla as usinas que eram da Eletrosul e foram privatizadas em 1997. “A transnacional obtém lucros anuais bilionários e os remete integralmente para sua matriz na França. Ela leva também para a Europa toda riqueza de terra, a biodiversidade e o trabalho dos atingidos que tiveram que abandonar suas terras quando a obra foi construída. Para o povo ficaram os impactos e agora a ameaça e insegurança quanto a novos rompimentos e suas conseqüências”, conclui Robson.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro