Atingidos por barragens fazem acampamento em Minas Gerais

Cerca de 50 famílias atingidas pelas barragens de Emboque e Granada, construídas na cidade de Abre Campo na Zona da Mata de Minas Gerais, começaram nesta terça-feira (20) um acampamento […]

Cerca de 50 famílias atingidas pelas barragens de Emboque e Granada, construídas na cidade de Abre Campo na Zona da Mata de Minas Gerais, começaram nesta terça-feira (20) um acampamento para denunciar a violação de direitos humanos na construção de barragens e reivindicar da empresa e do governo os direitos violados.

As famílias acampadas reivindicam da empresa canadense Brookfield, responsável pelas duas barragens, o reassentamento das famílias prejudicadas e reativação econômica, social, ambiental e cultural, com projetos estruturantes, principalmente no distrito de Bicuíba, na área ribeirinha de Raul Soares, nas localidades de São Lourenço, Valão e no distrito de Granada. O MAB enviou ofício à empresa solicitando uma reunião e a Brookfield se comprometeu a estar no acampamento na quinta-feira (22) debatendo com o atingidos.

Os acampados ainda reivindicam a visita do INCRA ao acampamento. Entre as famílias que ficaram sem terra com a construção da barragem, 72 já foram cadastradas pelo órgão e outras dezenas esperam o cadastramento. Na última Jornada de Lutas da Via Campesina, o INCRA se comprometeu a fazer vistorias nas terras escolhidas pelos atingidos sem terra.

Para Pablo Dias, da coordenação estadual do MAB, as famílias estão confiantes e dispostas a enfrentar os desafios da luta.  “Este é mais um passo de uma empreitada de mais de 14 anos de violações, desrespeito e truculência por parte das empresas e de resistênciao, rganização e luta dos atingidos. Uma coisa temos claro: esta luta só termina quando os direitos dos atingidos de Granada e Emboque forem garantidos”, afirma.

Com potência instalada de 35 MW, suficientes para iluminar uma cidade de mais de 500 mil habitantes, Emboque está em operação desde 1998 e Granada desde 2003. Ambas geraram grandes lucros para a empresa e deixaram muitas pendências para as mais de 200 famílias atingidas, só fazendo crescer a miséria na região.

Uma comissão ligada ao Conselho de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República visitou as barragens de Emboque e Granada e constatou uma série de violações. Entre as principais, se destaca a violação do direito à informação e à reparação dos danos causados pelas hidrelétricas, nos aspectos econômico, social, ambiental e cultural. Com um processo de implantação truculento e ditatorial, quatro pessoas morreram à época da construção das barragens e muitos acidentes fatais vêm acontecendo até hoje por causa dos trechos de estrada de alto risco no entorno de logo.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro