Atingidos por barragens fazem acampamento em Minas Gerais
Cerca de 50 famílias atingidas pelas barragens de Emboque e Granada, construídas na cidade de Abre Campo na Zona da Mata de Minas Gerais, começaram nesta terça-feira (20) um acampamento […]
Publicado 21/09/2011
Cerca de 50 famílias atingidas pelas barragens de Emboque e Granada, construídas na cidade de Abre Campo na Zona da Mata de Minas Gerais, começaram nesta terça-feira (20) um acampamento para denunciar a violação de direitos humanos na construção de barragens e reivindicar da empresa e do governo os direitos violados.
As famílias acampadas reivindicam da empresa canadense Brookfield, responsável pelas duas barragens, o reassentamento das famílias prejudicadas e reativação econômica, social, ambiental e cultural, com projetos estruturantes, principalmente no distrito de Bicuíba, na área ribeirinha de Raul Soares, nas localidades de São Lourenço, Valão e no distrito de Granada. O MAB enviou ofício à empresa solicitando uma reunião e a Brookfield se comprometeu a estar no acampamento na quinta-feira (22) debatendo com o atingidos.
Os acampados ainda reivindicam a visita do INCRA ao acampamento. Entre as famílias que ficaram sem terra com a construção da barragem, 72 já foram cadastradas pelo órgão e outras dezenas esperam o cadastramento. Na última Jornada de Lutas da Via Campesina, o INCRA se comprometeu a fazer vistorias nas terras escolhidas pelos atingidos sem terra.
Para Pablo Dias, da coordenação estadual do MAB, as famílias estão confiantes e dispostas a enfrentar os desafios da luta. “Este é mais um passo de uma empreitada de mais de 14 anos de violações, desrespeito e truculência por parte das empresas e de resistênciao, rganização e luta dos atingidos. Uma coisa temos claro: esta luta só termina quando os direitos dos atingidos de Granada e Emboque forem garantidos”, afirma.
Com potência instalada de 35 MW, suficientes para iluminar uma cidade de mais de 500 mil habitantes, Emboque está em operação desde 1998 e Granada desde 2003. Ambas geraram grandes lucros para a empresa e deixaram muitas pendências para as mais de 200 famílias atingidas, só fazendo crescer a miséria na região.
Uma comissão ligada ao Conselho de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República visitou as barragens de Emboque e Granada e constatou uma série de violações. Entre as principais, se destaca a violação do direito à informação e à reparação dos danos causados pelas hidrelétricas, nos aspectos econômico, social, ambiental e cultural. Com um processo de implantação truculento e ditatorial, quatro pessoas morreram à época da construção das barragens e muitos acidentes fatais vêm acontecendo até hoje por causa dos trechos de estrada de alto risco no entorno de logo.