Movimentos se mobilizam contra o aumento da tarifa de energia

Esse ano o reajuste de 7,57% pedido pela Energisa está acima da inflação

A Paraíba pode passar a ter a 4ª tarifa de energia mais cara do Nordeste, perdendo apenas para os estados do Maranhão Ceará e Bahia. No próximo dia 23 de agosto a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) receberá a proposta de aumento anunciada pela Energisa e deve dar uma resposta até o dia 29.

Para lutar contra esse abuso, os movimentos articulados na Assembleia Popular começam hoje (16) as mobilizações contra esse aumento em João Pessoa. Às 13 horas, os manifestantes farão uma panfletagem no anel interno da Lagoa e, em seguida, dezenas de integrantes de movimentos sociais do campo e da cidade, sindicalistas e moradores de algumas comunidades de João Pessoa participarão de uma sessão especial na Assembléia Legislativa sobre o aumento abusivo das tarifas de energia elétrica. As mobilizações fazem parte da Jornada de Lutas dos movimentos sociais, que ocorrem em todo o Brasil, principalmente na semana que vem.

Esse ano o reajuste de 7,57% pedido pela Energisa está acima da inflação, que nos últimos 12 meses acumulou 6,92%. A Aneel poderá homologar ou não pedido da Energisa. Se conceder o reajuste, a agência confirmará que é mais importante garantir a saúde financeira da Energisa que levar em conta o critério da modicidade.

Para Dráuzio Macêdo, vice-presidente do Sindeletric, esses reajustes anuais concedidos à empresa só aumentam sua capacidade de lucrar às custas do bolso dos trabalhadores. O relatório semestral divulgado no próprio site da empresa revela que em 2011 a Energisa já obteve um lucro líquido de 92,6 milhões.

A diretoria do Sindeletric já está adotando medidas para que o reajuste da tarifa de energia elétrica seja discutido pela sociedade. “Esse reajuste é abusivo e antes que ele seja concedido, os parlamentares, a sociedade civil organizada e as entidades de defesa do consumidor devem se unir para que esse aumento não seja permitido”, afirmou Manuel Henrique, presidente do Sindeletric.

Rafaela Carneiro, da Assembléia Popular, organização que vem há alguns anos lutando contra os preços abusivos da energia e pela implementação adequada da Tarifa Social, diz que “a população não aceitará mais um aumento” e que esse ano “a capacidade de compra do salário do trabalhador está cada fez menor, já que a cesta básica, o transporte coletivo, a tarifa de água, e agora a de energia estão custando mais”.

Em 2010, a Energisa completou 10 anos de instalação no estado da Paraíba, após a privatização da antiga Saelpa. Durante esses anos a empresa acumulou lucro líquido de 664 milhões, duas vezes o valor da venda da Saelpa, arrematada por aproximadamente 360 milhões. A receita operacional bruta da empresa saiu de 382 milhões (antes da privatização) para 1.183 bilhão.

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