Painel traz experiências internacionais de resistência e luta contra a privatização da água

Na manhã dessa quinta-feira (21), os participantes do Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização da água na América Latina trocaram experiências de luta e resistência em defesa da […]

Na manhã dessa quinta-feira (21), os participantes do Seminário Internacional: Panorama político sobre estratégias de privatização da água na América Latina trocaram experiências de luta e resistência em defesa da água em diversos países.

Ricardo Canese, do Paraguai, compartilhou a pauta dos povos originários atingidos pela hidrelétrica de Itaipu. Além de indenização, eles reivindicam 50 mil hectares para a reconstituição dos sistemas nativos de suas terras ancestrais, destruídos quando houve a construção da usina.

Ele também questionou a construção de novos empreendimentos enquanto Itaipu desperdiça um total de 8 milhões de MWh por ano, o suficiente para abastecer 240 mil famílias.

Ranufo, da União Nacional de Camponeses, de Moçambique, falou sobre o processo de privatização da água em seu país, que se dá através do processo de parcerias público-privadas, com recursos do Banco Mundial, FMI e sob os interesses de países como a China.

Ele destacou as lutas populares dos dois últimos anos no país, em especial o levante popular de 1 e 2 de setembro de 2010, quando o povo tomou as ruas para protestar contra o aumento do preço da água e dos combustíveis. A manifestação foi brutalmente reprimida, mas teve êxito em baixar as tarifas. Ele destacou a importância para os movimentos sociais de aprender com esse tipo de processo.

Maria Teresa, do Movimento Terras e Águas, falou da luta em defesa da Serra da Gandarela, uma área com mais de mil nascentes que abastecem a região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.

Esse território é ameaçado por projetos de mineração da Vale, que quer implantar na região seu segundo maior empreendimento depois de Carajás (PA). Ela destacou o processo de resistência de articulações em torno da OCMAL (Observatório de Conflitos Minerários da América Latina) e Atingidos pela VALE, que defendem a criação de um parque nacional no local.

Luis Infanti, do Chile, falou sobre a defesa da Patagônia, no extremo sul da América. Um dos locais mais abundantes em água doce não contaminada no mundo, antes “esquecida”, a região passou a ser privatizada em um processo indiscriminado de compras de terras inclusive por estrangeiros. Hoje, 82% da água na Patagônia chilena e 96% na argentina pertencem a uma empresa italiana.

No processo de defesa das águas da Patagônia, Infanti destacou a criação do Movimento Patagônia sem Represas, que reúne 60 organizações. Com uma estrutura que conta com setores técnico, jurídico, de comunicação, de relações internacionais, o movimento consegue atuar em diversas frentes e fazer o debate da propriedade da água.

Infanti também trouxe informes sobre o referendo da água na Itália, no qual 95,7% dos eleitores votaram pela abolição de leis que possibilitavam a privatização dos serviços municipais de água.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro