Atingidos e sem-terra continuam luta em Santa Catarina
Por Leonardo Alves da Cunha Continua movimentada a região do rio Canoas, no planalto sul de Santa Catarina. Depois da dupla ação conjunta entre o MAB e o MST no […]
Publicado 15/07/2011
Por Leonardo Alves da Cunha
Continua movimentada a região do rio Canoas, no planalto sul de Santa Catarina. Depois da dupla ação conjunta entre o MAB e o MST no começo de junho, que consistiu na ocupação do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Garibaldi, no município de Abdon Batista, e na ocupação de terra improdutiva no município vizinho de Cerro Negro, novidades surgiram no processo.
O acampamento dos dois movimentos conta atualmente com 150 famílias e, mesmo após semanas de intenso frio e chuvas na região, vê-se o florescer das primeiras hortas e a organização de atividades de lazer como jogos de futebol e festas (neste sábado, muita música, mística e alegria marcarão as Jornadas Socialistas no acampamento).
Um dado que merece ênfase especial é a existência da escola itinerante Soletrando a Liberdade, instalada na sede de uma pequena unidade escolar estadual na comunidade de Embú, bem ao lado do acampamento. Fechada até pouco tempo atrás usada apenas como depósito de adubo orgânico atualmente conta com turmas de manhã e à tarde. Na parte da manhã, 14 crianças nas faixas da 4ª e 5ª séries estudam, com direito a merenda escolar no recreio e também no almoço, cedida após negociações com o poder municipal. À tarde é a vez da criançada na faixa entre 1ª e 3ª séries. Um companheiro do MST e outra do MAB assumiram as aulas, que ocorrem desde o início da semana passada, nesta escola que ganhou nome em homenagem ao belo samba de Leci Brandão sobre a importância revolucionária da educação de qualidade.
Negociações
Nesta quinta-feira (14) aconteceu a primeira reunião oficial entre a empresa Triunfo e o Movimento dos Atingidos por Barragens, desde a ocupação do canteiro. A idéia é começar a negociar a pauta de reivindicações, que deseja contemplar não só os proprietários de terra atingidos, mas também arrendatários, meeiros e posseiros, que os consórcios barrageiros historicamente tentam esquecer.
É bom lembrar que a previsão de lucros da UHE Garibaldi é de 10 milhões de reais por ano mesmo assim, a empresa construtora tem resistido a contemplar de forma digna os atingidos, esquecendo-se que tais posturas encontraram ferrenhas resistências em outras obras na bacia do rio Uruguai. Os conflitos em torno da UHE Barra Grande e da UHE Campos Novos, para mencionar apenas alguns exemplos, ainda estão frescos na lembrança do povo da região.
Novamente o alagamento será de grande intensidade, visto que o relevo aqui é mais plano que o do rio Pelotas o que, em consequência, atinge mais áreas (apesar do porte de geração da UHE Garibaldi ser de 140 MW, quantidade bem inferior às de Barra Grande, Campos Novos ou mesmo Itá e Machadinho).