Após ocupação de canteiro de obras, MAB avança nas negociações em SC
Os atingidos por barragens que ocupam desde segunda-feira (06) o canteiro de obras da usina de Garibaldi, em Santa Catarina, obtiveram avanços em audiência realizada nessa sexta-feira (10) no fórum […]
Publicado 10/06/2011
Os atingidos por barragens que ocupam desde segunda-feira (06) o canteiro de obras da usina de Garibaldi, em Santa Catarina, obtiveram avanços em audiência realizada nessa sexta-feira (10) no fórum da comarca do município de Anita Garibaldi. De acordo com lideranças do MAB, a construtora Triunfo, responsável pela usina, deve abrir negociação com o Movimento nos próximos cinco dias úteis.
O MAB busca garantir os direitos das famílias atingidas pelo empreendimento, como indenização justa e reassentamento, além do cadastro de mais de 700 famílias de quatro comunidades que não estão sendo consideradas como atingidas pela empresa.
A Triunfo entrou com um pedido de reintegração de posse nessa quinta-feira. Por conta disso, o juiz da comarca de Anita Garibaldi chamou os movimentos e o Incra para a audiência ocorrida nessa sexta.
Além da audiência, também nessa sexta-feira, os integrantes do MAB e do MST que ocuparam a barragem de Garibaldi marcharam do canteiro de obras até o centro do município de Abdon Batista, onde ocorreu um ato público de apoio à luta dos movimentos. A atividade, da qual participaram cerca de 1000 pessoas, contou com a presença da deputada federal Luci Choinacki e do deputado estadual Padre Pedro, além de prefeitos e vereadores da região.
O canteiro de obras da usina hidrelétrica de Garibaldi foi ocupado por cerca de 800 atingidos e sem-terra no início da semana. Outros 600 integrantes dos dois movimentos também mantêm a ocupação de uma fazenda improdutiva na cidade vizinha de Cerro Negro e pedem que área seja destinada para a reforma agrária.
Os movimentos questionam o discurso das construtoras de barragens, de que as obras trariam progresso e desenvolvimento para a região. A verdade é que toda riqueza gerada em nossa região não tem se revertido em ganhos e melhoria de vida ao povo, acaba sendo levada para fora da região e até fora do país, para enriquecer cada vez mais meia dúzia de grandes empresas, enquanto o povo está cada vez mais explorado, afirma uma liderança local.
Esse tipo de desenvolvimento não queremos. Já temos experiências e exemplos suficientes para não deixar ocorrer em Garibaldi os crimes e violações dos direitos humanos que ocorreram em outras barragens na região, finaliza.
Se a barragem de Garibaldi for construída, ela vai atingir os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias. O grupo Triunfo terá o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos. A previsão é que a primeira turbina entre em operação no final de 2014.
Os funcionários da construtora Triunfo apoiam a mobilização e afirmam que as condições em que trabalham são precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas. A obra emprega atualmente cerca de 1000 trabalhadores.