Atingidos por barragens e sem-terra mantêm ocupações em SC
O canteiro de obras da usina hidrelétrica de Garibaldi, em Abdon Batista (Santa Catarina), permanece ocupado por cerca de 800 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do […]
Publicado 07/06/2011
O canteiro de obras da usina hidrelétrica de Garibaldi, em Abdon Batista (Santa Catarina), permanece ocupado por cerca de 800 integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A ação que paralisou a construção da usina teve início na manhã desta segunda-feira (06). Outros 600 integrantes dos dois movimentos também mantêm a ocupação de uma propriedade improdutiva na cidade vizinha de Cerro Negro e pedem que área seja destinada para a reforma agrária.
De acordo com uma liderança do MAB, a ocupação do canteiro de obras tem o objetivo de garantir os direitos das famílias atingidas, que serão expulsas sem receber nenhuma compensação, e das famílias sem-terra que pedem para ser assentadas. Eles [responsáveis pela obra] negociaram com apenas três proprietários. O andamento da obra já está bem adiantado e eles não querem conversa com o restante do povo. Tem mais de mil famílias cadastradas pelo INCRA na região, que já foram atingidas por outras barragens e hoje são sem-terra.
Os funcionários da construtora Triunfo, responsável pela hidrelétrica, apoiam a mobilização e afirmam que as condições em que trabalham são precárias e que a empresa tem tradição em quebra de contrato e desrespeito às leis trabalhistas. A obra emprega atualmente cerca de 1000 trabalhadores.
As famílias vizinhas da obra, que ainda não estão organizadas como atingidas, também demonstraram solidariedade para como os manifestantes, servindo-lhes água e frutos de seus pomares.
Se a barragem de Garibaldi for construída, ela vai atingir os municípios de Cerro Negro, Campo Belo do Sul, Abdon Batista, Vargem e São José do Cerrito, alagando 1.864 hectares de terra fértil e expulsando aproximadamente mil famílias. O grupo Triunfo terá o direito de explorar a produção de energia pelo prazo de 30 anos. A previsão é que a primeira turbina entre em operação no final de 2014.
*Com informações da Radiagência NP e do setor de comunicação do MST