Convidadas latino-americanas trazem debate internacional sobre energia ao encontro
Na mesa da manhã desta quarta-feira (06/04) do Encontro Nacional das Mulheres, participaram duas convidadas latino-americanas, que trouxeram análises sobre a questão energética na região. Mercedes Canese, vice-ministra de Minas […]
Publicado 06/04/2011
Na mesa da manhã desta quarta-feira (06/04) do Encontro Nacional das Mulheres, participaram duas convidadas latino-americanas, que trouxeram análises sobre a questão energética na região.
Mercedes Canese, vice-ministra de Minas e Energia do Paraguai, defendeu a necessidade de um projeto de integração energética entre os países da América Latina. A América Latina é muito rica em recursos naturais, tanto renováveis quanto não-renováveis, mas mal distribuídos. É necessário fazer um projeto de integração energética porque há países que tem menos recursos que outros, afirmou.
Segundo Mercedes, há muitos países na região cujo consumo de energia é pré-industrial, como o Paraguai, que usa a energia em sua maior parte para a calefação e produção de alimentos. O país, que divide sua produção energética com o Brasil (por meio de Itaipu) e com a Argentina, exporta oito vezes mais energia do que importa.
Ela também relatou um caso em que houve perda de 1,6 bilhão de dólares em Itaipu devido à falta de um plano de integração do Brasil e do Paraguai com mais países da região. Por isso é importante avançar na integração energética, porque em vez de construir mais barragens, poderíamos aproveitar o excedente do que se tem.
Moira Ivana Millán, representante dos índios mapuche da Patagônia Argentina, lembrou da importância deste encontro já que, segundo disse, é a primeira vez que o povo mapuche, através dela e de sua organização, dialoga com o Movimento dos Atingidos por Barragens.
Moira contou um pouco de sua história de vida. Disse que nasceu na cidade, de pai e mãe mapuche, e depois recuperou sua identidade indígena, voltando a viver no campo, com a ocupação de terras de seus ancestrais que estavam invadidas. A partir daí, deparou-se com o desafio de sobreviver de um modo totalmente diferente do que estava acostumada na cidade e precisou recuperar tecnologias já esquecidas e que faziam parte de sua cultura.
Nós estamos preparadas, sobretudo as mulheres, para viver, encontrar soluções. Temos capacidade natural de resguardar a vida, mas o sistema nos convence de que não somos capazes de sobeviver sozinhos. A cultura vai nos alienando, tirando nossas capacidades, nos convencendo de que é o Estado que tem que prover tudo e nós não podemos nos autodeterminar, declarou.
Moira ressaltou a importância de elaborar um novo projeto de sociedade em harmonia com a natureza, que é a maneira como o povo mapuche concebe o desenvolvimento. A energia tem que ser utilizada para o benefício de todos, mas pensando também em nossos irmãos rios, bosques, lagos, mar. Pensar o projeto energético também é um compromisso de pensar uma nova forma de habitar o mundo.