Mulheres Atingidas por Barragens: bordando a resistência
Documento
Metadados
Título da Arpillera
Mulheres Atingidas por Barragens: bordando a resistência
Descrição
Esta Arpillera reúne vozes de diferentes mulheres, vindas de várias regiões do Brasil, que compartilham suas histórias de dor, resistência e esperança diante da violência causada pela construção de barragens e pelo modelo energético que privilegia o lucro em detrimento da vida.
Na peça, as mulheres bordam na memória a perda de sua terra e de sua comunidade, destruídas pelo alagamento provocado para gerar energia destinada a outros países. Seu depoimento é um grito de saudade, mas também um chamado à organização e à luta coletiva, para que a injustiça não se repita em outros territórios.
Também retratam a tragédia do rompimento da barragem da Samarco em 2015, que deixou rastros de destruição, morte e sofrimento. Elas transformam sua dor em resistência, lembrando que a união é o único caminho para conquistar saúde, reassentamento, trabalho e o reconhecimento dos direitos dos atingidos.
Buscam trazer a força da luta organizada contra as hidrelétricas de Serra da Mesa e Cana Brava. Elas recordam os momentos de enfrentamento, inclusive as ocupações das usinas, que se tornaram marcos de resistência para tantas famílias desabrigadas e esquecidas pelo poder público.
Além de perdas profundas: a casa, a terra, o rio e até mesmo um pedaço de si mesmas. Contudo, também expressam a certeza de que resistir é o caminho possível, porque ser mulher atingida é também ser guardiã da vida, da memória e da esperança. Elas nomeiam as companheiras, multiplicando sua voz em um coletivo que se reconhece na luta e na resistência.
Cada ponto bordado na Arpillera é memória, denúncia e também afirmação de um futuro possível. Ao reunir essas histórias, a peça proclama que mulheres, água e energia não são mercadorias, e que no enfrentamento contra o patriarcado, o capitalismo e o modelo energético destrutivo, a força coletiva das mulheres se transforma em esperança e em triunfo.
A história dessas mulheres e a elaboração dessa Arpillera está presente no filme “Arpilleras: atingidas por barragens bordando a resistência”
Regiões
Eixo - Tema
Acesso a direitos básicos/políticas públicas | Atuação política | Projeto Popular | Relação com a terra | Relação com as empresas | Rompimentos | Violência contra às mulheres
Data
setembro 6, 2016
Autoras
Mulheres Atingidas Nacionais
Cartinha
Marmeleiro – Paraná – 12 de novembro de 2015
Quero iniciar dizendo que quero que sintam um forte abraço desta companheira aqui distante que através de um depoimento expresso na arpillera quer se solidarizar contigo e o teu povo que estão na luta para garantir seus direitos. Em 1° lugar pela vida e para que ela seja vivida dignamente é necessário o respeito para com as pessoas, condições de trabalho que gratifica e que seja valorizado, precisamos continuar a desfrutar de uma comunidade humanizada.
Como mulher vivendo aqui no Sul, as frutas são grandes e continuas, a cada preciso lembrar que a missão é daquelas pessoas que não admitem as injustiças e não se calam.
Esta Arpillera que bordei e que vai chegar em muitas mães, registrei a dor que senti por ter que sair do lugar onde morei para dar lugar ao resultado de uma obra faraônica (que foi o alagamento) para gerar energia para outros países, isto com grandes lucros. Choramos pela comunidade, pelas amizades, pela propriedade que sumiu, tudo ficou pra traz, a saudade que nos maltrata é grande. Vai um alerta: se organizam e lutam até as últimas consequências!!!! Estou contigo e que Deus nos oriente.
Abraços!
Barra Longa e Miguel Rodriguês – 27 de julho de 2016
Nós conhecemos através da luta do MAB. Pelas lutas dos Atingidos por Barragem. Eu Marta atingida pela PCH Fumaça para gerar energia para Samarco, autora do crime que atingir em Gesteira e Barra Longa no dia 05 novembro de 2015. Onde causou a morte de 20 pessoas. Entre esses um bebê que nem ainda tinha nascido.
Agora na luta da nossa união nós nos unimos força para conseguir nossos direitos. Saúde, emprego, reassentamento. Que todos atingidos tinha reativação economia que através desta Arpillera expressamos o nosso passado e presente a dificuldade passado por nós atingidos.
Através destas poucas linhas convidamos vocês, companheiras, para nos unir e lutar de mãos dada que nós atingidos, tenhamos nossos direitos reconhecidos. Um forte abraço!
Minaçu e Campi Norte – 27 de agosto de 2016
Queremos passar para vocês, companheiras de luta, um pouco da nossa história
Somos atingidas pelas hidrelétricas de Serra da Mesa e Cana Brava, como toda hidrelétrica faz a que não foi diferente. Deixou muitas famílias desabrigadas, deixando elas e toda região abandonada.
Através do MAB, nos organizamos na luta contra esse descaso, em vários momentos tivemos enfrentamentos que são vários entre eles todos importantes ocupamos as usinas de Serra da mesa e Cana Brava que se tornou um marco de força na nossa luta.
Nós duas estamos aqui representando todas as companheiras do centro oeste, porque lutamos pelo mesmo objetivo de ter voz e vez. Desejamos vitórias a todos e que juntas seguremos nos encontrar no encontro Nacional de Atingidos por Barragens.
Abraços!!
Alagamar, Jaguaretama Ceará – 06 de setembro de 2016
Eu e minha filha queremos através desta cartinha, mulheres deste país muita paz, esperança e amor.
Que mesmo diante de todas as violações e negação dos nossos direitos diante da construção das grandes barragens, existe uma força que nos faz acreditar e lutar.
Nós duas também somos atingidas, assim como vocês nós também perdemos nossa terra, casa, nosso jeito de viver. A barragem nos trouxe medo, violência, repressão, violações, matou o nosso rio e um pouco de nós também. Mas a luta nos ensinou que a luta é a única saída para nós, que somos mulheres, ribeirinhos, trabalhadores desse rico e imenso país.
Precisamos nos organizar, unir para nos tornar-nos fortes.
Nós sabemos que o patriarcado nos oprime, o capitalismo nos explora e o modelo energético e hídrico que sustenta as barragens desmantela a nossa vida. Mas nós resistimos! Resistimos porque é isso que fazemos desde quando viemos ao mundo. Resistimos porque dentro de nós existem vocês. Nós somos as Claides, Marias, Alacidias, Fatimas, Tianas, Rosas, Elaines, Martas, Simones, Patricias, Adrianas, Marinas e Margaridas. E é por sermos COLETIVO que no luto, triunfaremos.
Somos fortes,
Não somente pela força,
Mas pela esperança, por esse jeito de amar, cuidar e acreditar.
Um abraço a todas!
Mulheres, água e Energia
Não são mercadorias.
Fotógrafo/a
Clara Fernandes Oblack
Localização
Secretaria Nacional do MAB
Dimensões
61x64 cm
Bloco
Tecendo a Organização
Anexos
Arpilleras como voz e resistência: mulheres atingidas realizam intercâmbio na Bahia
Com apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Bahia, mulheres atingidas por barragens fortalecem sua luta usando o bordado como instrumento de denúncia e mobilização
Parceria entre MAB e as marcas de moda Mateos Quadros e CIE fortalece a luta dos atingidos no RS
As marcas gaúchas lançaram uma coleção de acessórios que destina 50% do lucro ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), em apoio às famílias atingidas pelas enchentes no Rio Grande do Sul
Projeto da Fiocruz e MAB que pesquisa a saúde dos atingidos chega em Jequié (BA)
O município viveu nos Natais de 2021 e 2022 enchentes que atingiram milhares de pessoas pela abertura das comportas da Barragem de Pedra
