Rede de Médicos Populares cobra punição para a Samarco pelo desastre em Mariana (MG)
Matar um animal da fauna silvestre dá cadeia, e matar uma Bacia inteira?, questiona posicionamento da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares. Do Saúde Popular Integrantes da Rede Nacional […]
Publicado 17/12/2015
Matar um animal da fauna silvestre dá cadeia, e matar uma Bacia inteira?, questiona posicionamento da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares.
Integrantes da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares estão em Mariana (MG) em uma brigada de solidariedade aos atingidos pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Samarco desde o dia 14 de novembro. Em nota, eles pedem punições para a empresa responsável por provocar o maior desastre ambiental do Brasil. A Samarco é de propriedade das mineradoras Vale e BHP Billiton.
O prejuízo causado em toda a bacia hidrográfica do Rio Doce levou à morte de várias pessoas, afetou e afetará a saúde mental e física, a médio e longo prazo, de outras milhares, destituídas de água, moradia e outras condições mínimas necessárias para a saúde e para a vida, diz texto com o posicionamento dos médicos.
Confira a nota na íntegra:
Matar um animal da fauna silvestre dá cadeia, e matar uma Bacia inteira?
Nós, integrantes da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, temos acompanhado presencialmente a catástrofe ocorrida em Minas Gerais após o rompimento da barragem de rejeitos de mineração da empresa Samarco.
Através de vivência no local do ocorrido estamos realizando um diagnóstico situacional de saúde da região e reconhecemos a importância e necessidade de denunciar os impactos para saúde que a tragédia tem provocado.
Reconhecemos que a saúde é socialmente determinada e se expressa nas relações entre as pessoas e destas com a natureza. O prejuízo causado em toda a bacia hidrográfica do Rio Doce levou à morte de várias pessoas, afetou e afetará a saúde mental e física, a médio e longo prazo, de outras milhares, destituídas de água, moradia e outras condições mínimas necessárias para a saúde e para a vida.
Convém ressaltar que não somos contra a exploração do minério em beneficio do povo brasileiro, mas somos contra este tipo de exploração que usa nosso solo para produzir bilhões de lucros em benefício de poucos indivíduos. Neste momento, é importante questionar nosso papel periférico de colônia nas relações econômicas internacionais, na qual, quem de fato trabalha para produzir a riqueza, não se beneficia dela. Um sistema que continua se processando dentro dessa lógica é adoecedor.
Reiteramos que é incompatível os interesses do mercado numa sociedade capitalista com a saúde e o bem-estar da população. A necessidade social no modo de produção capitalista é a expansão do capital independente das necessidades humanas da coletividade. Os desastres ambientais e humanos causados pela Samarco são reflexos do lucro como um fim em si mesmo.
Esperamos que, assim como são detidos e considerados criminosos os brasileiros que prendem animais silvestres ou pescam fora do período recomendado, a empresa Samarco seja punida devidamente pela devastadora agressão provocada ao meio ambiente, a vida e a saúde dos brasileiros.
Como médicos e médicas defensores da saúde do povo brasileiro, enfatizamos que a falha na garantia de direitos sociais mínimos coloca os atingidos de toda a bacia em situação de exclusão social interferindo no seu usufruto do direito à saúde e a vida.