Mulheres do MAB apresentam arpilleras na UFPA
As mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresentaram seu trabalho com as arpilleras em evento da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus de Altamira, na noite dessa quinta-feira […]
Publicado 06/02/2015
As mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresentaram seu trabalho com as arpilleras em evento da Universidade Federal do Pará (UFPA), campus de Altamira, na noite dessa quinta-feira (5 de fevereiro). A apresentação aconteceu na abertura do lançamento do livro Mobilização social na Amazônia A luta por justiça e por educação.
Participaram da atividade um grupo de 10 mulheres atingidas pela barragem de Belo Monte das cidades de Altamira e Brasil Novo e também pelo Complexo Tapajós, da cidade de Itaituba. Elas expuseram sete arpilleras feitas coletivamente em três encontros que ocorreram na região no final de 2014: dois em Altamira (um em um bairro que será alagado e outro na área de loteamento para onde os atingidos estão sendo removidos) e um em Itaituba, em uma comunidade ameaçada pelas barragens no Tapajós.
As arpilleras são quadros bordados com retalhos de tecido sobre juta e que revelam as violações de direitos sofridas pelas mulheres na construção das barragens. A técnica é originária do Chile, onde foi utilizada pelas mulheres como forma de denúncia e resistência às atrocidades cometidas pela ditadura de Pinochet.
É com esse sentido político que as mulheres do MAB hoje resgatam a técnica das arpilleras para denunciar os impactos sociais da construção das barragens, explica Edizângela Barros, coordenadora do MAB na região atingida por Belo Monte. Nas arpilleras apresentadas pelas mulheres, estão retratadas as temáticas da quebra dos laços comunitários, da violência contra as mulheres, exploração sexual, falta de políticas públicas, perda do trabalho, entre outras violações causadas na construção de barragens.
Uma região com histórico de luta
A apresentação das mulheres do MAB foi uma abertura mística para o lançamento do livro Mobilização social na Amazônia A luta por justiça e por educação, organizado por Paula Lacerda, Doutora em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (UFRJ) e professora adjunta de Antropologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A publicação, uma coletânea de artigos principalmente de antropólogos, trata da história das diversas lutas na região da Transamazônica e é organizado em três eixos: luta por direitos, luta por território e reconhecimento e luta por educação.
Além da organizadora do livro, participaram da atividade alguns autores dos artigos e também pessoas que deram depoimentos para a publicação, como a conselheira tutelar Rosa Pessoa e a integrante do Movimento de Mulheres Campo e Cidade Antônia Martins. O evento foi organizado pela coordenação do curso de Etnodesenvolvimento da UFPA, do qual participam militantes de movimentos sociais e comunidades tradicionais.
O livro pode ser baixado gratuitamente pela internet neste link.