Documentário resgata história dos primeiros reassentamentos do MAB
No curta-metragem documental Caminhos do Reassentamento, o Coletivo de Comunicação do MAB resgatou diversos personagens atingidos por barragens no rio Uruguai e no rio Iguaçu, que hoje vivem em reassentamentos […]
Publicado 10/11/2014
No curta-metragem documental Caminhos do Reassentamento, o Coletivo de Comunicação do MAB resgatou diversos personagens atingidos por barragens no rio Uruguai e no rio Iguaçu, que hoje vivem em reassentamentos no Paraná. Nos relatos, está presente uma extensa história de luta contra as barragens e, principalmente, de resistência para permanecer vivendo e trabalhando na terra através dos reassentamentos.
Desde o início dos anos 80, período político ainda sob a tutela do regime militar, o projeto de construção de mais de 25 barragens no rio Uruguai, entre os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, gerou duas reações por parte dos atingidos.
A primeira foi a dor da perda: dos vizinhos, da casa, do time de futebol da comunidade, da igreja alagada, do jardim cultivado há anos, da terra onde foram criados os filhos e os netos.
Todo esse sentimento foi o grande responsável pela ideia da necessidade de se criar uma organização para todos os atingidos da região, a Comissão Regional dos Atingidos por Barragens (CRAB), que posteriormente foi um dos pilares na nacionalização do movimento, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
No curta-metragem documental Caminhos do Reassentamento, o Coletivo de Comunicação do MAB resgatou diversos personagens atingidos por barragens no rio Uruguai e no rio Iguaçu, que hoje vivem em reassentamentos no Paraná.
Nos relatos, está presente uma extensa história de luta contra as barragens e, principalmente, de resistência para permanecer vivendo e trabalhando na terra através dos reassentamentos.
Mas porque escolher o reassentamento?
A única mulher entre os 120 integrantes da coordenação da CRAB no final dos anos 80, Claides Helga Kowahld, relata o caso dos atingidos pela barragem de Itá e adverte que o reassentamento não veio de graça, mas sim através de um intenso processo de luta.
Muitos meeiros e arrendatários, que não possuíam o título de propriedade da terra, conquistaram o direito ao reassentamento através de muita peleia. Por outro lado, muitos proprietários que optaram pela indenização em dinheiro, acabaram em dívidas ou migrando para periferias de cidades vizinhas.
Outro entrevistado, Hélio Meca, debate a importância do reassentamento para toda a região do seu entorno. Atingido pela barragem de Itá e uma das lideranças históricas do MAB, Hélio vive hoje em um dos primeiros reassentamentos coletivos do MAB, o Santa Inês, no município de Marmeleiro, no Paraná.
A área de terra de 1.845 hectares, onde atualmente vivem 74 famílias, era ocupada até o final dos anos 90 por um casal de latifundiários com mais de 60 anos de idade, que produziam de forma precária em aproximadamente 300 hectares, praticamente sem nenhuma tecnologia.
Com o reassentamento dos atingidos, houve uma mudança completa na relação com a terra. Atualmente nós temos mais de 2 mil matrizes de suíno, nós temos uma quantidade enorme de leite, nós temos aviário, nós temos produção de feijão, de milho, de soja, de trigo. Ou seja, é incomparável o que 74 famílias produzem usando sua própria mão de obra, com o que produzia um mini latifúndio, comparou Hélio.
Toda essa produção ajuda movimentar o comércio local e fornece alimento para os trabalhadores de toda a região.
Confira: