Crise da água: entidades defendem relatora da ONU após críticas de Alckmin
Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas do Brasil de Fato A Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental (FNSA) escreveu um manifesto em solidariedade a relatora especial da ONU, Catarina de Albuquerque, em […]
Publicado 30/10/2014
Foto: Oswaldo Corneti/ Fotos Públicas
do Brasil de Fato
A Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental (FNSA) escreveu um manifesto em solidariedade a relatora especial da ONU, Catarina de Albuquerque, em razão das críticas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, dirigidas a ela. Catarina culpou o governo pela crise hídrica pela qual o estado vem enfrentando. Em resposta, Alckmin disse para a relatora se retratar a respeito do relatório.
Na nossa avaliação, sua Excelência, essa é uma violação do código de conduta de uma oficial das Nações Unidas, afirmou o governador, que chegou a questionar o conhecimento e capacidade da ONU para organizar um evento que trate de mudanças climáticas, se referindo a Cúpula do Clima, organizada em Nova Iorque no último dia 23 de setembro.
A FNSA lamentou o ocorrido. Disse, em nota, que ao invés de procurar soluções para a crise hídrica, o governado busca inquirir e condenar todos que dizem ser o estado o verdadeiro culpado pela falta de abastecimento de água.
Acreditamos que a visita da Relatora, bem como suas afirmações se coadunam com a função exercida por ela, que é de defender água como direito humano fundamental e qualquer situação em que se configure seu cerceamento, caracteriza-se como violação de direitos, diz o manifesto assinado por dezenas de entidades sociais.
Soluções para a crise
Foi lançada nesta quarta-feira (29), na capital paulista, a Aliança pela Água, associação formada por mais de 20 organizações não governamentais (ONGs) voltadas à defesa do meio ambiente. O objetivo é propor sugestões para resolver a falta de água no Estado de São Paulo.
A iniciativa começou com um mapeamento feito de agosto a setembro, com a ajuda de 281 especialistas, que listaram propostas emergenciais e para os próximos dez anos. O levantamento envolveu 368 organizações, em 60 municípios atingidos pelo desabastecimento, resultando em 20 ações principais, de curto e longo prazos.
O relatório aponta, entre outras coisas, a instalação de um comitê de gestão de crise e de salas de situação de crise, pelo governo estadual, com ampla participação das prefeituras e da sociedade. Outra medida é ampliar a divulgação de informações ao cidadão, além da promoção de campanhas públicas.
Outro ponto defendido pelas ONGs é a recuperação e proteção dos mananciais. Na capital paulista, a represa Billins, que tem a mesma capacidade de reserva do Sistema Cantareira e fica a apenas 20 quilômetros da cidade, poderia se tornar manancial, mediante negociação com o setor elétrico, que a utiliza atualmente. A despoluição de rios urbanos, como o Tietê e o Pinheiros, na capital, também entra no projeto.
Leia o manifesto da FNSA
A Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental vem por meio deste manifestar total solidariedade à Relatora Especial da ONU para o Direito à Água e ao Saneamento, Sra. Catarina de Albuquerque, em razão do ofício enviado pelo Governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alkmin ao Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon em que pede correção das declarações da relatora que, em visita a São Paulo no mês de agosto último, atribuiu como motivo da crise hídrica por que passam os paulistas a inoperância do Poder Público, em especial do Governo do Estado.
Lamentamos o fato do Governador, que em vez de procurar soluções para a crise de água que afeta as Regiões Metropolitana de São Paulo e Campinas, sobretudo as populações mais pobres, busca inquirir e condenar autoridades federais, parlamentares, entidades populares e sociais e todos aqueles que ousam dizer que a trágica situação que se instala com a escassez de água é responsabilidade do atual Governo que não tomou as medidas necessárias, depois de 20 anos no comando do Estado de São Paulo.
Acreditamos que a visita da Relatora, bem como suas afirmações se coadunam com a função exercida por ela, que é de defender água como direito humano fundamental e qualquer situação em que se configure seu cerceamento, caracteriza-se como violação de direitos.
Assinam:
CMP – Central de Movimentos Populares
CIMI – Conselho Indigenista Missionário
CONAM – Confederação Nacional das Associações de Moradores
ASSEMAE – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento
FNU – Federação Nacional dos Urbanitários
MST Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
Observatório da Mulher
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
CUT Nacional- Central Única dos Trabalhadores
CUT – Central Única dos Trabalhadores – Pará
CUT – Central Única dos Trabalhadores – Amapa
CUT – Central Única dos Trabalhadores – Roraima
CUT – Central Única dos Trabalhadores – Rondonia
CUT – Central Única dos Trabalhadores Acre
ISP Brasil – Internacional de Serviços Públicos
FUAL – Federação dos Trabalhadores Urbanitarios da Região Norte
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios de Alagoas
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios do Amazonas
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios de Roraima
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios do Acre
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios do Amapa
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios do Maranhão
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios do Pará
SINDIÁGUA-PB – Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos do Estado da Paraíba
SINDIÁGUA-RS – Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto do Estado do Rio Grande do Sul
SINDAE-BA – Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia
SINDUR – Sindicato dos Trabalhadores Urbanitarios de Rondônia
Ricardo Silveira Bernardes – Professor Universitário Universidade de Brasília
Patrícia Campos Borja, Profa. do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia
Luiz Roberto Santos Moraes, PhD, Professor Titular em Saneamento da Universidade Federal da Bahia
Wladimir Antônio Ribeiro – Jurista
Ricardo Guterman Sociólogo
Delmar Mattes Geólogo
Cid Barbosa Lima Junior – Engenheiro civil, aposentado pela Sabesp
Aurora Fernandez Rodriguez Assistente Social
Arnaldo Luiz Dutra Presidente da Corsan – Companhia Riograndense de Saneamento
Marcos Helano Fernandes Montenegro, Engenheiro, Regulador de Serviços Públicos
Rogerio Mattos Secretário de Saneamento da FNU
Catherine Prost, Profa. Dra. do Departamento de Geografia da UFBA
Bertrand Sampaio de Alencar Professor e Pesquisador – PRO-RS/ITEP
Edson Aparecido da Silva Sociólogo, Coordenador da Frente Nacional pelo Saneamento Ambiental
Scheila Maria Agostini – Jornalista. Chefe da Ascom – Sedhab/DF – Secretaria de Estado de Habitação. Regularização e Desenvolvimento Urbano do GDF.