Atingidos realizam atos simultâneos no norte de Minas Gerais

Militantes mineiros realizam ocupações e atos simultâneos em diversas regiões do estado. As ações fazem parte da Jornada Nacional de lutas do MAB.

Em todo o Brasil e no mundo, milhares de atingidos se mobilizam durante toda a semana para marcar o dia 14 de março, Dia Internacional de Lutas Contra as Barragens, pelos Rios, pelas Águas e pela Vida. Em Minas Gerais, nesta quarta-feira (13), as ações se concentraram no Norte de Minas Gerais, nos municípios de Indaiabira, Montes Claros e Nova Porteirinha, para cobrar direitos dos atingidos na região.

Montes Claros 

Por volta das oito horas da manha desta quinta-feira (13), cerca de 150 atingidos por barragens e trabalhadores sem terra ocuparam o prédio do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS) em Montes Claros, norte de Minas Gerais. Essa atividade faz parte da jornada de lutas do dia 14 de março, Dia Internacional da Luta Contra as Barragens, pelos Rios, pela Águas e pela Vida!

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão em luta para garantir o acesso a projetos de abastecimento de água para consumo e produção, que já foram negociados desde o início de 2012 com o Ministério da Integração Nacional e o DNOCS. 

Outro ponto de discussão é a barragem de Berizal que, segundo relato do coordenador do DNOCS, Gustavo Xavier, publicado no dia 11 de fevereiro no Jornal Montes Claros, estará com o edital de licitação aberto em 30 dias e em aproximadamente 60 dias estará com ordem de execução de suas obras.

O MAB exige a abertura de diálogo sobre a barragem de Berizal, assim como as barragens de Congonhas e Vacarias, pois o MAB, juntamente com o INCRA, tem o cadastro de 700 famílias que poderão ser atingidas por Berizal e até o momento nenhuma negociação foi realizada.

Os movimentos também denunciam o decreto de utilidade pública utilizado pelo governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, para legitimar a construção do mineroduto que passará por nove municípios mineiros e doze municípios baianos, totalizando 490 km de extensão.

O mineroduto faz parte do Projeto Vale do Rio Pardo, que irá explorar 25 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, destinadas à exportação para a China. O empreendimento tem como sócios a Sul Americana de Metais (SAM), empresa do Grupo Votorantim, além da chinesa Honbridge Holding.

Além do auto consumo de água e energia, será utilizado amido para compor a poupa do minério para o transporte. Se os atingidos estão reivindicando acesso à agua para beber nas comunidades, como o governo de Minas Gerais permite junto a ANA água para escoar minério?

Diante disso, trabalhadores e trabalhadoras do campo lutam contra esse projeto predatório que só favorece as grandes empresas e os latifúndios e exigem o direito à informação e acesso à água para beber e para produção, pois os recursos naturais devem ser para soberania e controle popular.

Indaiabira 

Nesse mesmo horário, por volta das oito horas da manhã, a Prefeitura de Indaiabira, também no Norte, foi ocupada por cerca de 120 militantes de MAB, atingidos pela Barragem de Berizal.

A reivindicação é que, caso as obras sejam retomadas, seja elaborado um plano detalhado de reassentamento para as 700 familias que vivem na região.  Os manifestantes se reuniram com o prefeito para debater estas e outras pautas específicas do município

Segundo a militante do MAB na região, Érica Teixeira, diversos direitos são constantemente violados na construção de barragens. “Vários direitos são violados, antes, durante e depois da construção das obras, principalmente o direito à informação, participação, liberdade de reunião  e expressão”, afirmou.   

Também foram apresentados outros pontos de pauta como: estradas, educação, projetos de abastecimento de água, diálogo com as famílias atingidas, entre outros.

Nova Porteirinha

Meia hora depois das outras ações, cerca de 50 atingidos pela barragem de Bico da Pedra, localizada em Nova Porteirinha, realizaram uma marcha para reivindicar direitos junto a CODEVASF (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco), COPASA (Companhia de Saneamento de Minas) e à prefeitura do município.

A marcha partiu da rodoviária de Nova Porteirinha, e se encaminhou para a COPASA, no centro de Janaúba, onde uma comissão sentou com representantes da empresa para cobrar satisfação sobre a qualidade e fornecimento de água junto às colonizações do Distrito Irrigado do Gorutuba. A COPASA se comprometeu em avaliar a situação.

De lá, seguiram para a prefeitura de Nova Porteirinha, onde uma comissão foi recebida pelo prefeito Raul Alves da Rocha, que apreciou a pauta e se comprometeu em tomar as providências para atender as demandas.