Posição da Diocese Santo Ângelo, do Movimento dos Atingidos Por Barragens e Sínodo Noroeste sobre participação nos Conselhos Municipais dos Órgãos Públicos
Prezados (as) Senhores (as) No último período temos observado uma movimentação maior no tocante a ações das empresas na tentativa da construção das barragens de Garabi e Panambi […]
Publicado 27/09/2013
Prezados (as) Senhores (as)
No último período temos observado uma movimentação maior no tocante a ações das empresas na tentativa da construção das barragens de Garabi e Panambi na bacia do Rio Uruguai. E em conseqüência vem aumentando a tensão entre a população. Em Alecrim, um grupo de ameaçados barrou a continuidade dos estudos pelo fato de funcionários da empresa terem entrado nas propriedades sem consulta prévia.
Independente de posição contrária ou favorável as obras das barragens, todos comungam da opinião que haverá profundas mudanças sociais, ambientais, econômicas e estruturais na região. São grandes projetos que prevêem alagar aproximadamente 100 mil hectares de terras férteis e florestas em 19 municípios brasileiros e outros tantos do lado argentino. Propriedades, estradas, escolas,…,comunidades, bairros e cidades serão alagadas. Muitas famílias poderão perder suas terras, seu trabalho, seu sustento. Muitos trabalhadores virão de fora da região. Haverá aumento de problemas, tais como, aumento da prostituição, das doenças, dos filhos das barragens. Enfim a vida das famílias e da região não é e não será mais a mesma. A tranqüilidade já não existe.
Frente a esta situação, orientamos que todos aqueles, favoráveis ou não às obras, se organizem, busquem informações, debatam e defendam de forma organizada e coletiva suas posições e anseios.
Somos sabedores que nas demais barragens construídas, algumas próximas a nós aqui na bacia do Rio Uruguai, é prática recorrente das empresas, buscando criar as condições de construir e acelerar a obra, incentivar a CRIAÇÃO DE COMISSÕES MUNICIPAIS E REGIONAIS. Para fazer parte destas comissões são convidadas lideranças, autoridades, profissionais liberais e representantes de entidades. Parte destas serão atingidas diretamente pelas obras, outras não.
Como nós, da Diocese de Santo Ângelo, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil e do Movimento dos Atingidos por Barragens-MAB, temos sido procurados e convidados para integrar algumas desta comissões, entendemos prudente passar nossa posição quanto às mesmas.
Como dissemos, na hipótese das barragens serem construídas, as mesmas alterarão profundamente a vida das famílias atingidas. Por isto entendemos que cabe as famílias mesmas serem informadas, debaterem e decidirem sobre seu futuro. As negociações terão que ser feitas diretamente entre as empresas e estas famílias. Cabe a elas e somente elas serem sujeitos e protagonistas deste processo. É inconcebível que pessoas alheias a este processo, que não estão decidindo seu futuro, embora sérias e responsáveis, tomem decisões por estas. Alertamos e solicitamos cuidado para que tal procedimento não ocorra. Muitas vezes no anseio e na boa intenção de ajudar acabamos favorecendo esta prática desastrosa das empresas.
Nas negociações haverá temas, assuntos e decisões que são de responsabilidade e cabe aos Prefeitos individualmente ou coletivamente fazerem. Outras caberão aos comerciantes… e assim por diante. Entendemos que naquilo que afeta aos interessados, as famílias ameaçadas pelas obras de barragens, devam eles próprios fazer parte das decisões, sendo acompanhados e assessorados por entidades aliadas. Nenhuma comissão, criada à revelia das famílias ameaçadas, deverá decidir por elas.
É hora e se faz necessário a união de todas as forças para enfrentar este grave momento que a região vive.
Esperando ajudar a todos com nossa posição, nos despedimos fraternalmente.
Pela Diocese de Santo Angelo Sr Milton Cesar Gerhardt
Pela IECLB Sr Renato Kuntzer
Pelo MAB Sra Neudicléia Oliveira e Sr Eloir Vieira Soares