MAB e sindicatos ocupam prefeitura, câmara e rodovia em Tucuruí

Após 25 anos da construção da barragem, a região ainda luta contra a falta de escola, saúde e diversos direitos prometidos.   Foto: Wellington Hugles Nesta terça-feira (02), cerca de […]

Após 25 anos da construção da barragem, a região ainda luta contra a falta de escola, saúde e diversos direitos prometidos.

 

Foto: Wellington Hugles

Nesta terça-feira (02), cerca de 1000 atingidos pela barragem de Tucuruí e trabalhadores organizados em sindicatos da região ocuparam a prefeitura e a câmara municipal de Tucuruí, cidade localizada no estado Pará.

Os manifestantes também prometem trancar novamente a BR 422, rodovia que dá acesso à barragem, para impedir a passagem dos ônibus que são controlados pela empresa Viação Tucuruí. A rodovia já havia sido trancada ontem e sexta-feira.

Inicialmente, a intenção era ocupar apenas a câmara municipal, mas a polícia militar interveio e apenas 200 pessoas conseguiram furar o bloqueio. “A polícia está com o controle da câmara, mas nos informou que só vai retirar alguém com o pedido de reintegração de posse”, informou por telefone a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Euvanice, que está neste momento dentro do local.

Além do MAB, estão presentes o Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Tucuruí, Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Tucuruí – SINSMUT, Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará.

As pautas reivindicadas pelas entidades são: 1) a redução da tarifa do transporte coletivo de R$2,25 para R$2,00; 2) a revogação do projeto de Lei feito pelo prefeito Sancler Ferreira, que aumenta de 8% para 11% o desconto do IPASET (Fundo de Previdência dos Servidores Municipais de Tucuruí); 3) a volta dos 6 meses de licença-maternidade para as servidoras públicas (houve mudança para 4 meses); 4) pavimentação das vicinais dos assentamentos do município; 5) criação de escolas nas áreas rurais (existem apenas duas escolas para atender aproximadamente 4 mil famílias); 6) criação de postos de saúde nas áreas rurais (não existe nenhum na zona rural)


Prefeitura

Os cerca de 800 manifestantes que foram barrados na tentativa de entrada na câmara ocuparam a prefeitura municipal e, neste momento, reivindicam a presença do prefeito Sancler Ferreira como condição para deixar o local.

“Não vamos sair daqui sem uma reunião com o prefeito. Na época de seca, que é agora em julho, nossas crianças não conseguem atravessar o rio para chegar à escola, como podem deixar que isso aconteça? Eles terão que construir mais escolas, não podemos ter apenas duas para atender toda a zona rural”, apontou o coordenador dos atingidos, Roquevan.

Os manifestantes já haviam tentado uma conversa com o prefeito, mas foram recebidos pela vice-prefeita, que se disse incompetente para analisar as pautas.

 

Atingidos serão recebidos em Brasília

A Eletronorte se comprometeu em agendar uma reunião com cinco representantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Brasília com os setores envolvidos do governo.

Os atingidos exigem a imediata concretização do Plano de Desenvolvimento para a região, acordado desde 2005 com a estatal, mas que não saiu do papel até agora, além da construção de casas populares, projetos para desenvolver a pesca, a regularização de terras, entre outras.

“A Usina Hidrelétrica de Tucuruí foi construída há mais de 25 anos e seu saldo foi um enorme beneficiamento das empresas eletrointensivas (geralmente exploradoras de minérios que tem a eletricidade como um de seus maiores custos, que exportam sem pagar nenhum imposto) e uma dívida social enorme para os atingidos”, explicou o coordenador nacional do MAB, Rogério.

Entre 1984 a 2004, quando foi recontratada a energia de Tucuruí, o custo de geração era de 24 dólares para as residências. Entretanto, a Eletronorte vendia às subsidiárias ALCOA e ALBRÁS pelo valor de 16 dólares o MW.

“Apenas no ano passado, o município de Tucuruí recebeu 12 milhões em “royalties” da usina, enquanto o estado do Pará aproximadamente 20 milhões. Enquanto isso, os atingidos não tem um posto de saúde, apenas duas escolas e a maioria das famílias não possuem energia elétrica”, comparou Rogério.