Jornada de Lutas garante vitória aos trabalhadores no RS
Nesta semana, cerca de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras da Via Campesina, da Central Única dos Trabalhadores, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Desempregados e Federação dos Metalúrgicos estiveram […]
Publicado 19/04/2013
Nesta semana, cerca de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras da Via Campesina, da Central Única dos Trabalhadores, Levante Popular da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Desempregados e Federação dos Metalúrgicos estiveram mobilizados em Porto Alegre. Na tarde de ontem (18) o governador do Rio Grande do Sul anunciou o Programa Camponês, que contará com investimentos do governo estadual na ordem de R$ 50 milhões, e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES), com mais R$ 50 milhões.
A origem deste programa foi ainda em 2009, quando o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) começou a discutir com o BNDES os projetos de desenvolvimento das comunidades atingidas por barragens. A avaliação que fazemos é que na região da bacia do rio Uruguai o grande financiador das sete barragens já construídas é o BNDES. O resultado disso é que as barragens só enriquecem meia dúzia de empresas e as regiões atingidas empobrecem muito, pois as obras desestruturam as comunidades e o investimento na geração de trabalho e emprego desaparece. Por isso fomos até o Banco apresentar projetos de reestruturação das comunidades e de desenvolvimento regional , disse Marco Antônio Trierveiler, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).
A princípio, o financiamento seria apenas para o MAB, depois as discussões se ampliaram para o governo do estado do Rio Grande do Sul e para os demais movimentos sociais gaúchos. Com essa articulação, mais de 15 mil famílias de camponeses organizadas nos movimentos da Via Campesina serão beneficiadas, além de aproximadadmente 150 mil trabalhadores urbanos, estudantes atendidos pelo PNAE, famílias de bairros populares atendidos pelo PAA e compas governamentais. O programa prevê ainda a capacitação e assistência técnica aos agricultores com ênfase na agroecologia, construção de infraestrutura para recolher e transportar a produção, industrialização e comercialização nos centros urbanos, além de fábrica de insumos agroecológicos para usar nas lavouras, já que a produção será, gradativamente, sem o uso de venenos.
O que vemos de positivo também é que o Rio Grande do Sul retomará a relação campo e cidade nas distintas regiões. Prevemos a divisão do estado em cinco regiões: Passo Fundo e Erexim, Caxias do Sul, Rio Grande, Porto Alegre e região metropolitana e Ijuí. Entidades urbanas e ruaris participaram ativamente do debate, construção e da luta em torno do projeto camponês. Isso possibilitará que a produção de comida por agricultores de uma região seja industrializada e comercializada diretamente na própria região, garantindo qualidade e menor custo para o consumidor final, argumentou Trierveiler.
Ele aponta que essa ideia é o que estava ainda no princípio das discussões com o BNDES. Sempre tivemos como princípio o desenvolvimento regional e acreditamos que agora estaremos dando um passo importante neste sentido, afirmou.
No entanto, mesmo sendo uma conquista econômica significativa, Marco Antônio ressalta a importância do resultado político dessa luta e dessa conquista. Para ele, uma conquista dessa envergadura anima e fortalece as organizações sociais e sindicais no estado. Além de retomar as pautas unitárias da via Campesina, envolvemos a juventude e os trabalhadores urbanos organizados nos sindicatos e isso também é uma vitória. Mais que uma vitória, é uma prova de que é possível e necessário a unidade entre o campo e a cidade, concluiu.