Agricultores trancam Transamazônica para exigir direitos em região atingida por Belo Monte
Cerca de 200 agricultores da região de Altamira trancaram a Transamazônica na altura do Km 23 na manhã desta quarta-feira (17) para cobrar das autoridades a criação de condições para […]
Publicado 18/04/2013
Cerca de 200 agricultores da região de Altamira trancaram a Transamazônica na altura do Km 23 na manhã desta quarta-feira (17) para cobrar das autoridades a criação de condições para a sobrevivência na região. Entre os principais pontos da pauta estava o acesso à energia elétrica, reformas e sinalização nas estradas e transporte escolar.
Os agricultores, organizados pela Comissão Justiça e Paz e pela associação da Vila Piauiense, com apoio do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), haviam marcado uma audiência com representantes do poder público para resolução desses problemas. Diante da ausência de todos os convidados, o povo decidiu trancar a rodovia para mostrar a urgência do problema e cobrar sua resolução.
Somente entre a cidade de Altamira e o km 40 da Transamazônica, há mais de 100 famílias sem acesso à energia elétrica, mesmo morando debaixo de um linhão. As que têm energia, tiveram que desembolsar até 20 mil reais por um transformador da Celpa (distribuidora do Pará, recentemente falida e vendida para a Equatorial), além de pagar uma conta de luz de até R$ 200 por mês. Eles querem o acesso ao programa Luz para Todos, do governo federal, congelado na região.
Com relação às estradas, os moradores vivem o problema crônico da falta de asfaltamento em trechos da Transamazônica e da má condição das pontes (simples tocos de madeira). Com o aumento do trânsito devido à construção da barragem de Belo Monte, tem crescido muito o número de acidentes, por isso os moradores exigem que o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (DNIT) construa lombadas e melhores a sinalização.
Nós temos mais de 40 anos de Transamazônica, o linhão passando em cima e o povo embaixo sem energia. Até hoje tem trecho da estrada sem asfalto e para as pontes não tem nem projeto, afirmou Josélia, da Comissão Justiça e Paz.
Os manifestantes também denunciam que não há transporte para levar os jovens para frequentar o segundo grau, o que vem restringindo o direito à educação dos agricultores e cobram uma solução da prefeitura de Altamira.
o trancamento durou aproximadamente duas horas, até que a Polícia Rodoviária Federal aparecesse para tentar um acordo. Devido à manifestação, uma comissão de representantes da comunidade foi recebida na Casa de Governo, ligada à Secretaria da Presidência da República, em Altamira, onde houve o comprometimento do governo de articular os representantes do Luz para Todos, DNIT e Incra para uma nova audiência na segunda-feira (22).
Além desses problemas emergenciais, os agricultores da região enfrentam questões fundiárias. Na comunidade da Pioneira, por exemplo, uma das mais antigas regiões de colonização da Transamazônica, 37 das 75 famílias moradoras não possuem terras e as que possuem, sem condições de produzir, estão se vendo forçadas a vender seus lotes para fazendeiros.