Ribeirinhos do Tapajós discutem impactos de barragens durante Romaria das Águas
Aconteceu neste final de semana (13 e 14 de outubro) a segunda Romaria das Águas da região pastoral de São Francisco do Tapajós. A atividade reuniu cerca de 100 ribeirinhos […]
Publicado 14/10/2012
Aconteceu neste final de semana (13 e 14 de outubro) a segunda Romaria das Águas da região pastoral de São Francisco do Tapajós. A atividade reuniu cerca de 100 ribeirinhos de comunidades da região de Itaituba (PA).
Na atividade, os participantes discutiram os impactos dos projetos de barragens previstos para o rio Tapajós e para a região amazônica. Também homenagearam o Dia de São Francisco (4 de outubro), padroeiro da ecologia.
O objetivo da romaria é agradecer à mãe natureza e celebrar o peixe que os ribeirinhos tiraram do rio para sua sobrevivência durante todo o ano, afirmou o padre Paulo Cordeiro, da Prelazia de Itaituba. E também despertar a população da região do Tapajós para os mega empreendimentos para região, como as barragens e o avanço do agronegócio, e alertar os possíveis impactos para a população local.
A programação teve início na noite do sábado (13), com um debate sobre os megaprojetos previstos para a região, na comunidade de Pedra Branca. Iury Paulino, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) fez o alerta de que as barragens são propagandeadas como algo que vai beneficiar o povo das regiões mas, na verdade, só beneficiam as grandes empresas e deixam o povo na miséria. Nos 20 anos de história do MAB, não conhecemos um caso de barragem que tenha sido feito para o bem do povo, afirmou.
Egídio Sampaio, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), falou sobre diversos problemas enfrentados pelos camponeses da região, como a regularização das terras e a produção familiar. O povo está há anos morando aqui, mas não é dono de fato e de direito do lugar onde está morando.
Na manhã seguinte (14), os romeiros saíram pelo rio Tapajós rumo à comunidade de Barreiras, onde foi celebrada uma missa e houve mais espaços para as comunidades falarem. Muitos moradores se mostraram preocupados com os impactos do Complexo Tapajós e falaram da necessidade de se organizarem para resistir e lutar por seus direitos.
João Ferreira é morador da comunidade de Pimental, que será alagada se a barragem for construída. Estamos aqui para ver como poderemos dialogar com vocês para nos unirmos para nos defendermos desse infeliz projeto. Pimental tem 132 anos e tem morador que chegou lá em 1917 e hoje está lutando contra a barragem, contou o ribeirinho, que se organiza no Movimento dos Atingidos por Barragens.
Os moradores das comunidades que ficarão à jusante da barragem também se identificaram como atingidos e mostraram sua solidariedade. Não podemos ficar de braços cruzados, temos que lutar contra esse mal que são as barragens. Também não podemos ficar cada comunidade por si, temos que nos unir, afirmou Darcy Moreira, moradora da comunidade Independente 2.
A atividade reuniu ribeirinhos das comunidades de Ipaupixana, São Benedito, Moreira, Pimental, Pedra Branca, Novo Arixi, Independência 1 e 2, Filadélfia, Barreiras, Km 7, além de moradores das cidades de Itaituba e Trairão.