Atingidos dos cinco continentes se unem em solidariedade aos povos da Venezuela, Haiti, Palestina e Cuba
O ato marcou o primeiro dia do IV Encontro Internacional de Comunidades Atingidas por Barragens e Crise Climática, que reúne delegações de 45 países na Amazônia brasileira
Publicado 08/11/2025 - Actualizado 08/11/2025

Na noite de ontem (07), atingidos de todo o mundo se uniram em um Ato de Solidariedade Internacionalista aos povos da Venezuela, Haiti, Palestina e Cuba. A atividade expressou, de forma simbólica e mística, a resistência dos povos frente às violações de direitos humanos e às agressões impostas pelo capital. O encontro, que antecede a COP30 e a Cúpula dos Povos, reúne mais de 200 delegados e delegadas de 45 países dos cinco continentes – América, África, Europa, Ásia e Oceania – na cidade de Belém, no Pará, coração da Amazônia brasileira.

A mística de abertura retrata como a “águia imperialista” coloca suas garras sobre o mundo, fazendo os territórios sangrarem diante do saque de suas riquezas e da política de extermínio dos povos que lutam por autodeterminação. Como resposta, trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo se unem na luta marcada pela solidariedade internacionalista, somando forças para enfrentar a tirania através da organização popular. A mística deu o tom da tarefa do Movimiento de Afectados por Represas (MAR) para o próximo período: a prática revolucionária da solidariedade e da ternura entre os povos.
Para Mai al Bayoumi Jouda, da Frente Popular para a Libertação da Palestina na Espanha (FPLP), a ocupação israelense tem como objetivo o extermínio do povo palestino, que enfrenta o imperialismo e o fascismo há quase 80 anos. A maioria das vítimas são crianças e mulheres, que sofrem com a sistemática violação de direitos humanos, com torturas e com a negação do acesso à água, à energia e a condições mínimas de sobrevivência em um genocídio televisionado, ao vivo e a cores. A cortina de fumaça disseminada por Israel e seus aliados tenta esconder o real objetivo da ocupação: o roubo de recursos naturais, como a água e a terra, e o apagamento da cultura, do idioma e da religião do povo palestino.
“Para nós, a solidariedade internacionalista é muito importante. Hoje, todos temos consciência de que a Palestina deve ser livre, soberana, democrática, laica, antirracista, antimachista e anticolonial. Pedimos a todos os povos que lutam por uma Palestina Livre, que sigam lutando e digam NÃO ao Estado de israel”, afirmou.

Para Maynara Nafe, Secretária de Relações Institucionais da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), “o sistema que despeja bombas sobre Gaza é o mesmo que financia a guerra às drogas e o extermínio seletivo nas favelas do Brasil, e que mancha nossa história com lama tóxica. A nós, cabe a tarefa urgente de transformar a dor em luta política. Por isso, todas as lutas pela sobrevivência, pela vida e pela dignidade são irmãs, e no Encontro Internacional, nossas dores e lutas se encontram”.
João Aguiar, da coordenação da delegação brasileira da Flotilha Global Sumud e do Núcleo Palestino do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou:
“Somos povos que carregam nas costas o peso das injustiças e as chamas da resistência. A luta contra as barragens é, antes de tudo, uma luta pela vida, pela dignidade, pela memória e pelo direito de existir em harmonia com a natureza. Falar de vida exige coragem para olhar para as feridas da nossa sociedade. A crise climática não é apenas ambiental, mas também uma questão de justiça territorial e de dignidade humana. Nesta COP30, realizada em solo sagrado amazônico, é fundamental discutir a expulsão da delegação de Israel e da empresa que rouba a água palestina.”

O ato também contou com a participação de Guiomar Rodríguez, da Frente Nacional Ecosocialista pela Vida da Venezuela. “Este calor que sentimos aqui em Belém não é só físico, é espiritual; é o calor do povo unido em organização, solidariedade e luta.” Gilmar recordou que, desde que o Comandante Chávez iniciou o processo de recuperação da soberania e das reservas de petróleo, a Venezuela passou a sofrer ataques e sanções dos Estados Unidos, que veem no povo venezuelano uma ameaça aos seus planos de dominação.
“Com muita determinação, o povo venezuelano tomou em suas mãos o projeto bolivariano, avançando na alfabetização, na profissionalização, nas condições de habitação e no combate à pobreza. Este ano, passamos por grandes dificuldades, mas a vontade do nosso povo é extremamente forte. De mãos dadas com nosso governo, seguimos enfrentando o fascismo em nossas casas e ruas. Não vamos dar o braço a torcer: os povos detêm em suas mãos tudo para exercer a solidariedade internacional”, afirma Guiomar.

A experiência cubana foi compartilhada por Mitchet Santana, da Rede de Educadores e Educadoras Populares de Cuba, que promove o Centro Memorial Martin Luther King: “Nós temos a solidariedade como projeto político consciente e transformador. A luta de Cuba é a luta pelas causas justas, pela soberania e pelo direito a um futuro digno. Sofremos há mais de 60 anos com o bloqueio comercial, uma guerra econômica não declarada que atinge o povo cubano e constitui uma forma de genocídio, ao negar o acesso a recursos básicos.”
Cuba e Jamaica têm enfrentado os efeitos da crise climática, com furacões e catástrofes naturais, e, mesmo assim, o povo cubano segue de pé, dando as mãos aos irmãos haitianos que vivem grave insegurança política e econômica. “Em tempos de falsidade e demonstração de força neoliberal e capitalista, Cuba se mantém firme, solidária, humana e socialista. O socialismo é o nome político do amor. Então, semeemos o amor em nosso planeta”, concluiu Miguel.

Os participantes do Encontro Internacional manifestaram solidariedade aos companheiros e companheiras do Haiti, que não puderam estar presentes em Belém devido às dificuldades enfrentadas em seu país; ao povo do Curdistão, vítima do colonialismo e; aos companheiros da Colômbia e do México, que seguem resistindo aos ataques do imperialismo.
