Internacionalismo na Cúpula dos Povos: MAB fortalece a luta contra as opressões e pela democracia

O Movimento dos Atingidos por Barragens integra o Eixo IV, que debate solidariedade entre os povos e o enfrentamento ao imperialismo

8º Encontro Nacional do MAB (2017). Foto: Viviana Rojas

Inserido nos seis eixos estratégicos da Cúpula, o MAB destaca que o Eixo IV ocupa um lugar central ao propor um debate mundial sobre solidariedade entre os povos, justiça social e enfrentamento ao imperialismo em todas as suas formas.

Movimentos populares participarão deste eixo com uma agenda global unificada por justiça climática, soberania dos povos e um projeto popular e feminista contra o imperialismo, a extrema direita e o colonialismo. No marco da caminhada coletiva que aponta para a COP30, o Eixo 4 propõe fortalecer a cooperação e o internacionalismo entre os povos, na construção de um projeto democrático, popular, feminista, anticapitalista, antirracista e antifascista.

A agenda estratégica defende, ainda, o direito à livre circulação aos povos mais afetados pelas injustiças sociais e pelo racismo ambiental; a participação ativa das mulheres, juventudes e populações LGBTQIAPN+ nas decisões políticas; a defesa da laicidade do Estado e o enfrentamento ao fundamentalismo religioso. 

Em um mundo marcado por desigualdades e múltiplas formas de opressão, o MAB e os povos organizados reafirmam que a transformação real só é possível com solidariedade, unidade e internacionalismo. Em aliança com movimentos populares de várias partes do planeta, o MAB constrói uma agenda global pela vida, pela democracia e todas as formas de exploração e dominação.

Essa agenda também se expressa na solidariedade internacionalista ativa aos povos em luta, com destaque para a defesa do Povo Palestino frente ao genocídio promovido pelo ao apartheid colonial, reafirmando que a libertação da Palestina é parte essencial da luta mundial contra o imperialismo e pela autodeterminação dos povos.

A voz dos povos: internacionalismo como estratégia

A proposta do Eixo 4 vai além da resistência, ela busca construir alternativas concretas articuladas entre territórios e países, capazes de disputar os rumos do mundo e enfrentar as estruturas que perpetuam a desigualdade. Isso inclui a defesa de uma governança global democrática e participativa, em oposição às estruturas multilaterais controladas por corporações e potências econômicas.

Soniamara Maranho, membro da coordenação nacional do MAB, durante o G20. Foto: Marta Fleita / MAB 
Soniamara Maranho, membro da coordenação nacional do MAB, durante o G20. Foto: Marta Fleita / MAB 

Soniamara, membro da coordenação nacional do MAB, destaca que o eixo sobre internacionalismo e lutas contra as opressões é central na Cúpula dos Povos:

“Para o MAB, o principal inimigo é o sistema imperialista, capitalista e fascista, que ataca a soberania e a democracia dos povos, exemplos como a Palestina, Haiti, Venezuela e Cuba mostram essa ofensiva. O MAB defende o projeto internacionalista de solidariedade e soberania popular, fortalecendo alianças globais diante da crise climática e lançando o Movimento Internacional dos Atingidos por Barragens para unificar as resistências.”

A  luta internacionalista

Jaron Browne, da Grassroots Global Justice Alliance (GGJ) durante o seminário “Disputas na geopolítica mundial e o papel dos BRICS”, no Rio de Janeiro. Foto: Comunicação MAB
Jaron Browne, da Grassroots Global Justice Alliance (GGJ) durante o seminário “Disputas na geopolítica mundial e o papel dos BRICS”, no Rio de Janeiro. Foto: Comunicação MAB

Jaron ressalta que os movimentos populares enfrentam três crises interligadas: a econômica, a ecológica e a imperial, que sustentam a instabilidade global.

Segundo ele, a Cúpula dos Povos, em Belém, ocorre em um momento decisivo de avanço das forças autoritárias e da extrema direita, exigindo uma resposta baseada na solidariedade e na organização mundial dos povos. “O internacionalismo popular é a construção de uma forma coletiva consciente, capaz de enfrentar as causas estruturais da crise e propor economias feministas e regenerativas, centradas no cuidado com a vida e na soberania dos povos”, afirmou Browne. 

Ele destacou que movimentos como o MAB, Via Campesina e a Marcha Mundial das Mulheres seguem articulados em uma agenda unificada pela justiça climática, pela paz, pela democracia e pela defesa dos direitos humanos e da Mãe Terra.

Além das COPs: A luta por justiça climática 

Às vésperas da COP30, que será realizada em Belém (PA), o MAB e seus aliados reafirmam que as soluções para a crise climática não virão apenas nos espaços oficiais, muitas vezes capturados por interesses corporativos. É urgente construir uma agenda popular e unificada de mobilização social pela paz, justiça climática e democracia, protagonizada pelos povos e suas organizações.

A partir dos territórios, das florestas, das águas e das periferias, emergem práticas concretas de resistências e propostas reais de transição justa, caminhos construídos desde baixo, enraizados nas realidades populares e capazes de apontar alternativas ao modelo capitalista que ameaça a vida do planeta. 

O Eixo 4 reafirma que a luta contra as opressões, pela democracia e pelo internacionalismo não é apenas uma pauta, é uma estratégia global pela vida. Essa luta nasce da força dos territórios, da organização dos povos e da certeza que outro mundo é possível, quando os povos se levantam juntos e uma Palestina Livre é parte essencial desse mundo que queremos construir.

Os seis eixos e o Encontro Internacional

A presença do MAB na Cúpula dos Povos reafirma seu compromisso com a construção coletiva em todos os seis eixos temáticos, que articulam dimensões complementares da luta dos povos.

– Eixo 1: Territórios e maritórios vivos, Soberania Popular e Alimentar;

– Eixo 2: Reparação histórica, combate ao racismo ambiental, as falsas soluções e ao poder corporativo;

– Eixo 3: Transição justa, popular e inclusiva;

– Eixo 4: Luta contra as opressões, pela democracia e pelo internacionalismo dos povos;

– Eixo 5: Cidades justas e periferias urbanas vivas;

– Eixo 6: Feminismo popular e resistência das mulheres nos territórios.

Esses eixos ganham forças no Encontro Internacional dos Atingidos por Barragens, que será lançado no marco da Cúpula, como espaço estratégico de articulação entre movimentos e territórios de diferentes países, fortalecendo a unidade global na luta contra as injustiças, o imperialismo e a crise climática.


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