A vale nega as atingidas e fica sem punição
Documento
Metadados
Título da Arpillera
A vale nega as atingidas e fica sem punição
Descrição
Esta arpillera denuncia o crime da Vale em Brumadinho, em 2019, e expõe suas consequências que permanecem até os dias atuais. Bordada em cada detalhe, a peça retrata não apenas as vidas perdidas, mas também a destruição da cidade, dos rios, da fauna e da flora, que resultaram na contaminação da água e dos alimentos essenciais para a subsistência. A devastação trouxe consigo o adoecimento físico e mental da população, deixando marcas que ultrapassam o tempo.
As mulheres aparecem como figuras centrais. São elas que, além de carregar a sobrecarga do trabalho doméstico e do cuidado com a família, convivem com o medo constante de novos desastres, com o aumento da violência, das doenças e da insegurança em seus territórios. Seus papéis de resistência e cuidado tornam-se ainda mais pesados diante da ausência de reparação justa e da impunidade que persiste, uma vez que os responsáveis pelo crime continuam sem punição efetiva.
A arpillera se apresenta, assim, como memória e denúncia. Ao mesmo tempo em que guarda a lembrança das vítimas e da destruição, faz um apelo para que a luta continue: que as vozes das pessoas atingidas sejam ouvidas, que seus direitos sejam assegurados e que a justiça prevaleça sobre o lucro e a negligência.
Eixo - Tema
Impactos psicológicos | Relação com as empresas | Rompimentos
Data
dezembro 8, 2021
Autoras
Mulheres Atingidas da Comunidade do Imperador
Cartinha
Ainda hoje, após pouco mais de 3 anos daquele fatídico 25 de janeiro de 2019, em que a empresa Vale cometeu um dos maiores crimes socioambientais mundiais. Colhemos até hoje no presente momento os transtornos causados pelo crime que dizimou 272 joias sem chance de defesa, que devastou um rio, flora e fauna. Continuamos em luta para que sejamos ouvidos, reconhecidos, respeitados e reparados. São dias, meses ou melhor, anos difíceis. Convivemos com a dor da saudade com noção de impunidade. Com a poeira que nos lembra a todo momento o crime da Vale e que leva muitas pessoas a procurar atendimento médico. Com a restrição de se ter o direito básico à água potável, a morte de plantas e animais. O adoecimento mental, o desprovimento de renda dos atingidos sejam assalariados, autônomos, pescadores, agricultores, produtores, comerciantes ou indígenas.
Assim como todos tiveram suas perdas, as mulheres tiveram também a complicada missão de manter o elo nas famílias presenciando a aflição dos filhos, pais, maridos, ficaram mais sobrecarregadas ainda com o aumento das tarefas domésticas, com o medo de outros rompimentos, com o aumento da violência e perda da tranquilidade a beira rio, das doenças silenciosas que podem ser comprovadas em números que demonstram a amplificação de uso de medicamentos ansiolíticos e antidepressivos por parte dos atingidos.
Mais que um relato, essa Arpillera quer fazer um pedido, um apelo ao coração de cada indivíduo, o de sempre manter propósito de luta, de militar em nome das vítimas fatais e de todos que sentem ou sentiram violados pela transgressão dessa empresa perversa. Projetamos que jamais aconteça uma infração semelhante. E por casualidade do destino ou injustiça ocorra novamente, que tenha maior amparo pelas conquistas da nossa luta e muita esperança no coração para levantar nossa voz. Deixamos um abraço e desejo que essa carta encontre-os com saúde, esperança e resilientes.
Como já dizia Cora Coralina: Não podemos acrescentar dias à nossa vida, mas podemos acrescentar vida aos nossos dias. E que esses dias sejam com a certeza de se fazer ouvidos, entendidos e assegurados.
Fotógrafo/a
Clara Fernandes Oblack
Localização
Secretaria Nacional do MAB - SP
Dimensões
71x64,5 cm
Bloco
Tecendo a Organização
Anexos
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Comunidade de Imperador
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Comunidade de Imperador
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Imagem do WhatsApp de 2025-08-15 à(s) 10.16.38_d6957f3f
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