Crítica ao modelo capitalista marca análise da conjuntura

“O projeto popular não se constrói de um dia para o outro, mas a partir de anos de acúmulo dos povos em luta nos seus territórios.” O momento de análise […]

“O projeto popular não se constrói de um dia para o outro, mas a partir de anos de acúmulo dos povos em luta nos seus territórios.”

O momento de análise da conjuntura durante os encontros é sempre importante para apontar os passos das lutas das organizações sociais. No Encontro Nacional das Mulheres Atingidas por Barragens não está sendo diferente. Com a análise feita na manhã de hoje (06/04), vários desafios foram indicados para as lutas das atingidas por barragens.

Roberta Transpadini, militante da Consulta Popular, contribuiu na análise e mencionou que a nossa soberania enquanto nação está sendo transgredida e um dos casos é com a construção de barragens.

Ela iniciou sua fala com a abordagem do conceito de soberania. “Soberana é uma nação que constrói soberanamente a sua posição sobre outras. Quando as empresas dos países centrais chegam nos demais países, entram no território e passam a determinar os modos de vida nesse território, então a soberania passa a ser exercida por essas empresas. É isso que temos que combater”, declarou.

Ela fez uma severa crítica sobre o atual modelo de sociedade. “O capital nos faz acreditar que ele é o único soberano, o único deus, o tema central da construção das nossas vidas”. Um exemplo citado pela assessora é a penetração da ideologia dominante na formação das crianças: várias empresas do agronegócio possuem cartilhas educativas utilizadas nas escolas. “Isso é inconstitucional. A educação não pode ser tendenciosa”, sentenciou.

Roberta citou o escritor uruguaio Eduardo Galeano, que em seu livro “As veias abertas da América Latina”, diz que o capitalismo abre as veias de nossa América para abastecer os EUA de recursos naturais, de energia, de nossas riquezas, nos dando em troca mais endividamento e dependência.

Desafios

Roberta listou alguns desafios das trabalhadoras para a superação desse modelo. O primeiro é fazer o povo acreditar-se como sujeito de direitos, fortalecendo a luta que permita recuperar a dignidade perdida. Também é necessário fortalecer a luta nos territórios, em um sentido amplo: seja no campo, na cidade, na fábrica, na educação.

A partir daí, é necessário pensar como é o projeto de sociedade que se quer construir. “Esse é o projeto popular, que não se constrói de um dia para o outro, mas a partir de anos de acúmulo dos povos em luta nos seus territórios”, finalizou Roberta.