Bordando Resistência: Arpilleras das Mulheres Atingidas por Barragens vão ocupar o MASP

De 11 de abril a 03 de agosto de 2025, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) apresenta a exposição “Mulheres Atingidas por Barragens: Bordando Direitos”.

A tela homenageia a militante do MAB Nilce de Souza Magalhães, a Nicinha, assassinada em 2016. Após seis meses de buscas, o corpo de Nicinha foi encontrado dentro do lago da hidrelétrica de Jirau, amarrado a uma pedra. Foto: Marcelo Aguilar

O Museu de Arte de São Paulo (MASP), uma das instituições de arte mais renomadas do Brasil e do mundo, será palco de uma importante mostra que reflete a resistência e a luta das mulheres atingidas por barragens no Brasil, que integra a série de mostras sob o guarda-chuva “Histórias da Ecologia”, tema central do museu em 2025.

A exposição, que denuncia os impactos das barragens e as transformações socioambientais em curso no país, apresenta 35 arpilleras (telas bordadas) produzidas pelo Coletivo Nacional de Mulheres do MAB em diferentes partes do país. Essas obras, criadas entre 2013 e 2024, são testemunhos das vivências, lutas e direitos das mulheres atingidas por grandes projetos de infraestrutura no Brasil.

O uso das arpilleras, uma técnica têxtil com forte carga política, remonta à década de 1960, no Chile, durante a ditadura de Augusto Pinochet, quando foi adotada por mulheres da Isla Negra como forma de resistência e denúncia de violações dos direitos humanos cometidas pelo governo.

“As arpilleras são mais que arte; elas são a nossa voz. Através de pontos e linhas, expressamos as dores e esperanças das mulheres que, como eu, vivem na luta diária contra as injustiças do modelo energético e capitalista. A exposição no MASP será uma oportunidade para levar a nossa luta a um dos maiores centros culturais do mundo, ampliando a visibilidade de um movimento que está em constante crescimento”, destaca Daiane Höhn, integrante da coordenação do MAB.

Essa é a primeira vez que o MASP abriga uma exposição dedicada às Arpilleras do MAB, e é parte de um movimento crescente de reconhecimento internacional. As arpilleras já foram exibidas em diversos espaços importantes, como o Memorial da América Latina, em São Paulo; o Museu de Arte da Bahia, e a Universidade de São Paulo. Além de exposições internacionais na França, Suíça, Alemanha e Estados Unidos, como em Paris e na Universidade de Webster, em Genebra.

Através dessa técnica, o MAB visibiliza as consequências sociais e ambientais das barragens, ao mesmo tempo que destaca o protagonismo das mulheres em sua luta por justiça social. O MAB também anunciou que irá doar uma arpillera ao acervo permanente do MASP, contribuindo para a preservação e valorização dessa importante forma de expressão popular.

Com curadoria e apoio do MASP, a exposição reforça a importância de espaços como este para dar visibilidade a movimentos sociais e culturais que, como as arpilleras, têm a arte como ferramenta de resistência e transformação.

Serviço:

Exposição: Mulheres Atingidas por Barragens: Bordando Direitos
Período: 11 de abril a 03 de agosto de 2025
Local: Museu de Arte de São Paulo (MASP)
Endereço: Avenida Paulista, 1578 – São Paulo, SP

Para mais informações, acesse site do MASP.

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