NOTA | Privatizar a água é restringir o acesso a um serviço vital

Governador do Piauí entrega saneamento básico para capital privado

Ato contra a privatização do sistema de saneamento básico no Piauí. Foto: Arquivo MAB

Desde 2023, a privatização da Agespisa, empresa responsável pelo abastecimento de água e saneamento básico no estado do Piauí, está em discussão. No dia 30 de outubro, o Governador do Estado do Piauí Rafael Fonteles, durante a realização de um leilão na Bolsa de Valores Brasileira, em São Paulo, entregou o sistema de abastecimento de água tratada e de esgotamento sanitário para a empresa Aegea – uma das maiores empresas de saneamento privado do país – única inscrita no processo de leilão. A empresa deu um lance mínimo de R$ 1 bilhão, que poderá ser pago de forma parcelada em um prazo de 20 anos, e foi credenciada para prestar os serviços em todos os municípios do estado, incluindo a zona rural de Teresina. 

A privatização trará uma série de danos à sociedade piauiense, que foi totalmente excluída do debate. A decisão, tomada pelo governador, já traz muitas preocupações para a população do Piauí, tendo em vista que o citado leilão fora feito de forma atropelada e concluído de forma desconhecida.

Entidades da sociedade civil demonstraram, ao longo desse período de negociação, preocupação e alertam sobre os riscos desse processo, feito de modo atropelado e sem nenhum diálogo com a população. Em uma das audiências públicas que foram realizadas para debater o tema, através do YouTube, em abril deste ano, somente 13 pessoas participaram do debate. Apesar da relevância do tema, o debate não contou com nenhum prefeito dos municípios do estado, nem mesmo representantes de agências que lidam com recursos hídricos. É válido destacar, ainda, que todo o processo foi feito sem praticamente nenhum alarde ou repercussão na imprensa.

Ato contra a privatização do sistema de saneamento básico no Piauí. Foto: Arquivo MAB

A atuação do setor privado no sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário, de imediato, vai promover um aumento real de 16,5% na tarifa de água e 80% na de esgoto. A Aegea já é a concessionária responsável pela Águas de Teresina, na capital do estado. Desde fevereiro de 2021, as residências da capital passaram a receber a paridade entre as taxas de água e esgoto, resultando em um aumento significativo na tarifa das famílias. O valor da fatura de água passou a dobrar com taxa de esgoto do mesmo valor.

Além disso, a empresa é responsável por diversos transtornos causados pelos buracos deixados em diversas partes da cidade. Com a privatização do serviço, a disponibilidade de água se tornou um problema recorrente em Teresina, que também sofre com diversos pontos de vazamento de grande proporção.

Mercantilização da água

A militante do MAB, Dalila Calisto, denunciou o processo de privatização dos serviços de saneamento da cidade de Teresina no livro “Mercantilização da água: análise da privatização do saneamento de Teresina (PI)”, motivado pela preocupação dos movimentos populares em politizar o tema da transformação da água, bem natural, em mercadoria – “ouro azul” – pelo capital. A publicação alerta sobre a inserção do Brasil na disputa geopolítica do capital internacional com graves consequências sociais e ambientais. Como apresentado na obra, o avanço das investidas do setor privado na indústria do sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário se concretiza em todo o estado do Piauí para

O MAB reafirma que a luta em defesa da água, da energia e de serviços básicos devem estar disponíveis para soberania do povo, e não como uma mercadoria a serviço do capital e das grandes empresas.

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 28/10/2024 por Coletivo de Comunicação MAB PI

MAB se une ao Fórum Piauiense Contra a Privatização e realiza ato de denúncia em Teresina (PI)

A mobilização foi uma resposta à crescente proposta de privatização de serviços essenciais, como água, saúde e educação, no estado do Piauí

| Publicado 13/07/2023 por Movimento dos Atingidos por Barragens - Rio Grande do Sul

NOTA | MAB repudia a privatização da CORSAN

Governo do Rio Grande do Sul entrega gestão da água do estado à Agega, única candidata no leilão, antes de conclusão de auditoria especial no processo

| Publicado 30/05/2023 por Sindipetro Bahia

Nota | RLAM tem de ser reestatizada! A Bahia não pode se render ao monopólio da Acelen

Petroleiros da Bahia pedem pela reestatização da refinaria de Mataripe (antiga Refinaria Landulpho Alves – RLAM), privatizada em 2021, que está sob controle da Acelen, empresa do fundo árabe Mubadala