Nota de pesar | Antônio Bispo dos Santos presente!

“Você precisa dizer ao povo as coisas que sabe”. Foi a lição de Pedrinha, segundo reportagem da Revista Revestrés, que Antônio Bispo dos Santos, seu filho, aprendeu tão bem a ponto de torná-la sua missão de vida.

Antônio Bispo dos Santos, o Nêgo Bispo, nascido no Vale de Rio Berlengas, no Piauí, deixa o plano terreno neste domingo (03), aos 63 anos, porém, seu legado continua através do conhecimento e da sabedoria que semeou, sempre como um mensageiro e embaixador quilombola, lavrador, ativista, pensador, professor e escritor nordestino.

Intelectual quilombola, se alfabetizou para defender a sua comunidade e cultivou em nossas mentes a mais pura semente do anticolonialismo. Através de uma visão muito nítida sobre sua condição e de seu povo, Nêgo Bispo é uma ponte para um futuro viável para nós. A sabedoria herdada do quilombo, através dele, alcançou a academia, trazendo críticas e apontamentos aos ouvintes, um dedo na ferida aberta que é o colonialismo e o pensamento ocidental presente em nossa sociedade e, muitas vezes, em nós mesmos.

Ouvir o que Nêgo Bispo tem a dizer é, sobretudo, questionar-se, questionar nossos modos de vida, de organização social, de produção. “Os quilombos preservam a natureza e a sociedade eurocristã cosmofóbica-desenvolvimentista quer destruir”.

Neste momento de perda, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) espera que a família, o Quilombo Saco Curtume e todos os que tinham Nêgo Bispo como uma referência, sejam confortados com a certeza de que sua voz não será esquecida. Nêgo Bispo passa para o plano da ancestralidade, mas suas ideias ficam presentes hoje e sempre!

Coordenação Nacional do MAB