Watu morreu
Documento
Metadados
Título da Arpillera
Watu morreu
Descrição
Desde sempre, os índios Krenak viviam às margens do Rio Doce (Watu). Alimentavam-se da caça de capivaras, tatus e outros animais e da pesca; utilizavam as águas do rio para beber, irrigar as plantações, além de brincar, tomar banho, praticar competições de bote e batismos em rituais sagrados. O artesanato produzido a partir da semente do obá era fonte de renda. “O rio era uma meio forte onde se praticava a cultura e firmava a identidade da tribo.” (A. Pública, 2017). As 126 famílias que viviam da agricultura nas sete aldeias Krenak, localizadas às margens do watu, no município de Resplendor, Minas Gerais, sofreram o impacto do mar de lama de minério que vazou das barragens do Fundão, em Mariana, sob a responsabilidade da empresa Samarco. A água do rio está imprópria para uso. Esta arpillera retrata o ontem feliz desse povo indígena e a sua realidade hoje, vivendo em um rio barrento e cheio de sombras.
Eixo - Tema
Água e energia | Relação com a terra | Rompimentos | Vínculos comunitários e familiares
Data
novembro 1, 2019
Autoras
Mulheres atingidas de São Paulo durante oficina de produção de Arpilleras no Sesc Consolação (SP)
Cartinha
Desde sempre, os índios Krenak viviam às margens do Rio Doce (Watu). Alimentavam-se da caça às capivaras, tatus e outros animais e da pesca; bebiam das águas do rio, nelas se banhavam, brincavam e irrigavam suas plantações; praticavam esportes e competição de bote e faziam seus batismos e rituais sagrados à beira do rio. O artesanato produzido a partir da semente do obá era fonte de renda. "O rio era um meio forte onde se praticava a cultura e firmava a identidade da tribo" (A. Pública, 2017).
As 126 famílias que viviam da agricultura nas sete aldeias Krenak, localizadas às margens do Watu, no município de Resplendor, Minas Gerais, sofreram o impacto do mar de lama de minério que vazou das barragens do Fundão, em Maria, sob a responsabilidade da empresa Samarco. A água do rio está contaminada.
O estilo de vida dos Krenak se transformou completamente, após o rompimento da barragem. Perderam sua identidade, mudaram o jeito de pensar, perderam a esperança. Não podem mais se banhar no rio, não podem se alimentar dos peixes e dos animais que bebem da água do rio, não podem colher as sementes de obá, pois tudo está contaminado; os índios passaram a se alimentar de produtos comprados em supermercados da cidade (boi, frango e porco); a água para banho e irrigação bem dos caminhões pipa e por ter cloro causam coceira nos índios, a água para beber é entregue em garrafas, que se acumulam e mudam o cenário das aldeias.
Os índios foram proibidos de se aproximar da água sagrada do Watu. Uma cerca chegou a ser colocada nas margens do Rio doce pela Samarco para impedir a aproximação. As crianças não podem brincar no Watu. Os batismos e rituais às suas margens foram extintos. O movimento de caminhões pipa acabou com a tranquilidade. A tristeza se abateu sobre as aldeias. Os casos de depressão, alcoolismo e doenças se elevaram.
A Samarco não tem previsão da volta à normalidade. Dos 101 afluentes da bacia do Rio Doce mapeados, à época, 92 necessitavam de recuperação. O povo Krenak luta por água. Chegou o tempo de procurar outras terras com águas limpas e lutar novamente por demarcação. O nosso trabalho retrata o ontem feliz, desse povo indígenas e a sua realidade hoje, vivendo em um rio barrento e cheio de sombras, mas com muita esperança no coração para reconstruir sua vida em outro lugar.
Fotógrafo/a
Marcelo Aguilar
Localização
Secretaria Nacional do MAB (Endereço: Avenida Thomas Edison, 301, Barra Funda, São Paulo/SP | Fone: 11 3392 2660)
Exposições
Dimensões
44x60cm
Bloco
Bordando os Direitos
Anexos
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