No Dia Mundial da Água, começa o fórum alternativo organizado por movimentos sociais de todo o mundo que lutam contra a privatização do recurso
Publicado 22/03/2022 - Atualizado 22/03/2022
Começa hoje, 21, o Fórum Alternativo Mundial da Água – FAMA 2022, evento que mobiliza organizações e movimentos sociais de todo o mundo em defesa do direito de acesso à água. A conferência foi criada em oposição às tentativas de mercantilização do recurso por parte de corporações internacionais que estão reunidas na 9ª edição do Fórum Mundial da Água, em Dakar, no Senegal. O fórum alternativo acontece a cada 4 anos para refletir e articular coletivamente ações de luta contra a privatização da água, dos rios e aquíferos – para que a água continue sendo um direito e um bem comum dos povos.
O primeiro painel do encontro vai abordar a importância do FAMA e os reais interesses do fórum das corporações. O tema vai ser discutido a partir de um diálogo entre os países da África e Brasil, já que a América do Sul e a África apresentam altos índices de vulnerabilidade hídrica.
Uma das participantes do painel é a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens, Dalila Calisto. “Historicamente, os atingidos são obrigados pelas empresas a deixarem o seu território e a sua relação com o rio para dar lugar a empreendimentos faraônicos. Por isso, o MAB, sendo um movimento que – há pelo menos três décadas – atua na luta em defesa desses povos, dos rios e da água, precisa estar nas mesas discussões do FAMA”, afirma a coordenadora.
Segundo Dalila, é imprescindível que esse debate aconteça em âmbito internacional. “Estamos inseridos em um mundo global. Então, o capital se apropria disso e cria instâncias internacionais comandadas por órgãos multilaterais e por empresas multinacionais que têm objetivos em comum, como o de tornar a água apenas um bem econômico e uma propriedade privada. Por isso, eles atuam em diversas frentes com dimensões geopolíticas, ideológicas, econômicas e sociais para que este objetivo seja absorvido pelos governos das nações, sobretudo o governo brasileiro, pais onde estão as maiores reservas de água potável do mundo”, afirma a dirigente.
“Dada toda está ofensiva internacional do capital, nós, dos movimentos sociais, que historicamente temos defendido a água como um direito e um bem comum e social, também devemos nos colocar nesta grandeza, pois a luta contra a privatização da água é uma luta internacional dos povos. E assim ela precisa ser encarada e entendida por todos nós”, defende Dalila.
Ainda a coordenadora, uma das pautas a ser defendida no f´órum é a de que o conceito de água é um direito, um bem comum e que, por isso, deve ter o controle social e popular dos povos. “A água é um patrimônio público. A água não pode e nem deve ser tratada como mercadoria (valor econômico) e como propriedade privada. Não tem como falarmos de soberania sem falarmos de água, do controle popular sobre a água”.
No dia 25/03, Gilberto Cervinski, que também integra a coordenação do MAB, participa de um painel sobre Mercantilização da Água.
Serviço
Programação
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Painel de abertura
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Os convidados são:
Léo Heller – Observatório Nacional dos Direitos à Água e Saneamento (ONDAS) Brasil
Dalila Calisto – Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Carlos Bocuhy – PROAM
José Bastos – Instituto Nacional de Águas São Tomé e Príncipe
Kete Fumo – Membro da organização monçobicana Justiça Ambiental e co-coordenadora regional do programa contra a privatização da água, na Amigos da Terra Internacional