Além de providenciar apoio emergencial aos atingidos, grupo está em diálogo com o poder público para reivindicar reparação de danos das 468 famílias que tiveram que abandonar as suas casas às pressas na véspera de Natal, perderam seus bens e tiveram suas moradias destruídas ou danificadas
Publicado 24/01/2022 - Atualizado 24/01/2022
Um mês após o início das inundações que deixaram milhares de pessoas desabrigadas no sudoeste da Bahia, a Brigada Solidariedade formada no município de Jequié, no sudoeste do estado, segue atuando para apoiar as famílias atingidas nesse momento que elas precisam retomar sua rotina. O MAB é um dos integrantes da Brigada criada pelo Movimento dos Trabalhadores por Direitos (MDT), que conta também com a participação de diversos movimentos e sindicatos, como o Sindipetro, o Sindae, a Associação dos Docentes da UESB – ADUSB, as agentes de saúde comunitária do município, a Plataforma Operária e Camponesa da Água e Energia (POCAE) e a Consulta Popular.
Os alagamentos foram causados pelas chuvas intensas que afetaram o estado e pela abertura das comportas das usinas hidrelétricas de Pedra (em Jequié) e Funil (em Ubatã), de responsabilidade da Companhia Hidrelétrica do São Francisco – CHESF, que provocaram enchentes e estragos em vários municípios dos territórios dos Médio Rio de Contas. O município de Jequié foi um dos atingidos e segue entre os 168 municípios com decreto de situação de emergência.
Após a fase de acolhimento das famílias em abrigo e providência de doação de mantimentos básicos, os diferentes grupos que integram a Brigada têm se organizado para cobrar do poder público ações estruturais para apoiar a retomada da rotina das famílias. Alguns dos atingidos seguem desalojados porque suas casas foram danificadas e condenadas e precisam acessar o aluguel social. Outros já estão voltando às suas casas, mas têm vários desafios porque ainda precisam de novos móveis, estão sem acesso à água potável, entre outras questões.
De acordo com Gabrielle Sodré, coordenadora do MAB na Bahia, nesse momento, é preciso avaliar o passivo que fica para o estado depois das chuvas. “Estamos em uma etapa muito difícil para os municípios atingidos da Bahia. O saldo das chuvas incluem diversos danos e contradições que pouco sensibilizam a mídia. As lentes e as notícias começam a deixar a Bahia, mas as perdas continuam e as famílias precisam que as ações de solidariedade continuem e que o executivo aja com celeridade. Por isso, a importância de construirmos uma Audiência Pública para tratarmos das questões estruturais do município, para além das ações humanitárias”, relata.
Diálogo com o poder público
Além dessa articulação com órgãos públicos, a equipe da Brigada segue apoiando centenas de famílias da comunidade quilombola Barro Preto, localizada no bairro Caixa d’Água, uma das localidades atingidas em Jequié, com a distribuição de cestas básicas, materiais de higiene e limpeza.
Na última semana, foi realizada uma reunião entre MTD, Consulta Popular e ADUSB para tratara da continuidade das doações que têm sido distribuídas às famílias atingidas, nesse momento que a imprensa tem deixado de dar visibilidade aos danos dos alagamentos e as doações tendem a diminuir.
Em paralelo, o Sindipetro, o Sindae, o MAB e o MTD e a POCAE se reuniram nesta semana para discutir as próximas estratégias de apoio. Houve também uma reunião entre o MAB e o MTD com a Embasa, órgão responsável pelo saneamento no estado da Bahia, para tratar do saneamento e da qualidade da água nos bairros que sofreram maior impacto das enchentes e das fortes chuvas do mês de dezembro.
Outra agenda construída pela Brigada foi um encontro com a vereadora Professora Cida Souza (PT BA), para discussão a respeito da necessidade de construção de um plano municipal emergencial e estrutural para a reconstrução da vida das famílias atingidas em Jequié.
Para tratar das diversas demandas das áreas atingidas do município, a Brigada provocou a realização de uma Audiência Pública, que irá se realizar no dia 16 de fevereiro em Jequié, através da Comissão Especial de Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa da Bahia. Na ocasião, os movimentos sociais, sindicatos, demais organizações da sociedade civil e as famílias atingidas irão discutir com entidades do poder público um plano de reparação justa e reconstrução da vida de todos aqueles que sofrem com os impactos da chuvas, alagamentos e abertura de comportas das barragens da região. Participarão da audiência a Prefeitura de Jequié, a Câmara de Vereadores, os órgãos e secretarias estaduais e federais.
As Barragens e as inundações
Para avaliar o contexto, as causas e os danos causados pelas inundações, integrantes do MAB também visitaram a Barragem de Pedra para discutir o tema dos riscos causados pelas barragens com o poder público na audiência. A hidrelétrica abriu suas comportas no período de fortes chuvas, para dar vazão à água acumulada em seu lago. A água que desceu das comportas desaguou no Rio de Contas, o mesmo que ficou represado pelo Rio Jequiezinho, ocasionando seu transbordamento para as ruas e vias da cidade, chegando às casas dos moradores das áreas ribeirinhas e localidades mais baixas do município.
Saiba como apoiar os atingidos pelas enchentes
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