Bacia do Paraopeba tem alagamentos com água contaminada por rejeitos de minério e cerca de 700 desabrigados
Assoreamento do Paraopeba causado pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão agravou as inundações nos municípios às margens do rio
Publicado 11/01/2022 - Atualizado 11/01/2022
São Joaquim de Bicas, Juatuba, Betim, Citrolandia, Mário Campos, Brumadinho e Congonhas têm, ao todo, 700 famílias desabrigadas. Até o momento, menos 30% destas famílias perderam tudo que tinham devido ao alagamento de suas casas.
De acordo com a coordenadora do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) em Minas Gerais, Fernanda Portes, o assoreamento do Rio Paraopeba depois do rompimento da barragem Minas Córrego Feijão aumenta o nível das enchentes. “Além disso, a lama que fica depois do alagamento mata toda a vegetação local e produz uma poeira toxica causando problemas na respiratórios e de pele”, comenta.
Ivani de Jesus de Oliveira, que vive no bairro Cruzeiro, em Betim, conta sobre a tentativa de recuperar alguns dos bens na casa inundada. “Moro aqui há quase 20 anos nessa e casa e fomos atingidos mais uma vez por essa água que está contaminada, porque somos atingidos pela Vale. (…) Nós estávamos com medo dessa inundação porque sabíamos que ela vinha com água contaminada”.
Atingidos seguem sem auxílio financeiro emergencial
A situação das famílias é agravada pela vulnerabilidade econômica das comunidades já que 30 mil atingidos tiveram seu auxílio financeiro bloqueado pela Vale e mais de 50 mil não foram sequer reconhecidos na Bacia do Paraopeba. “Este auxílio é um direito conquistado que deveria garantir que os atingidos tivessem condições mínimas de sobrevivência em momentos como estes agravados pela negligência da própria mineradora”, afirma Fernanda, do MAB.
Além disso, a coordenadora afirma que os atingidos continuam com medo de novos soterramentos, porque diversas barragens de água e de rejeito estão em situação de risco na região, como, por exemplo, as barragens Serra Azul, Rio Manso, Várzea das Flores e Casa de Pedra.
Outro drama vivido pelos moradores da região é o acesso à água. Atualmente, onze cidades da região metropolitana e central do estado tiveram o abastecimento de água interrompido de forma parcial ou total, por causa das chuvas. A Copasa, que é responsável pelo gerenciamento do sistema de abastecimento em diversas cidades, informou que 38 localidades foram afetadas no estado e que reforçou as equipes que atuam nos reparos.