Ribeirinhos que vivem nas proximidades do Rio Teles sofrem efeitos do desmatamento ilegal: com prejuízos materiais, de saúde, além dos danos incalculáveis de verem o território arder em chamas
Publicado 08/09/2020 - Atualizado 21/08/2024
O rio Teles Pires, um dos rios mais importantes do estado de Mato Grosso, é hoje o rio amazônico mais impactado pelas hidroelétricas na Amazônia: foram construídas quatro grandes obras em menos de uma década,
Os quatro empreendimentos, juntos, foram responsáveis pela destruição de milhares de hectares de floresta gerando um impacto incalculável para a biodiversidade e as populações locais.
Somente a UHE Sinop foi responsável pela destruição de 24 mil hectares – cerca de 70% dessa floresta já está morta e apodrecendo dentro do lago gerando problemas sociais e ambientais imensos, como a mortalidade dos peixes.
Na última semana, o consórcio Sinop Energia foi multado pela SEMA no valor de R$ 36 milhões, o que somado às multas anteriores dá R$ 90 milhões em multas que o consórcio tem acumulado, após uma série de crimes e irregularidades na operação do empreendimento.
Em um momento que é celebrado o Dia da Amazônia pouco se tem a festejar. No Mato Grosso, os impactos das hidrelétricas estão somados aos focos de queimadas na região norte do estado – muitos desses focos estão nos paliteiros do lago da UHE Sinop por conta da grande baixa do reservatório nas últimas semanas.
A completa ausência de um programa de utilização do lago e seu entorno demonstra o descaso do consórcio com a floresta e as populações que moram no entorno e dependem da natureza e do rio para sobrevivência.
Até o momento, dois anos depois da conclusão da obra, a empresa empreendedora não iniciou a reconstituição das áreas de preservação permanentes do entorno do lago da usina.
Os impactos ambientais não são os únicos que ameaçam as famílias atingidas. A não delimitação das áreas de preservação (que são chamadas de APP) pelo empreendimento causam a fuga do gado e prejuízo às famílias camponesas, pois o lago oscila dezenas de metros inutilizando as cercas dos camponeses.
Para os pescadores e para a cadeia de turismo, as perdas são incalculáveis. Além das áreas de lazer, a vegetação não suprimida tornou o reservatório feio e também coloca em risco a segurança da navegabilidade. A morte constante dos peixes no lago espanta os praticantes de pesca esportiva e diminuem a renda dos pescadores profissionais e ribeirinhos.
Os recentes incêndios na região da Amazônia acabaram atingindo, além de fazendas, um assentamento com aproximadamente 500 famílias, queimando pastagens, matas e ameaçando as moradias e áreas coletivas.