Próxima plenária será no dia 7 de julho, com o lançamento do documento da Frente Brasil Popular contra as privatizações
Publicado 29/06/2020
Foto: Felipe Muniz
Na última quarta-feira (24) movimentos e organizações que compõem a Frente Brasil Popular MG realizaram a plenária Fora Bolsonaro. O espaço virtual foi transmitido ao vivo pelo Facebook da FBP MG e denunciou a política de morte do desgoverno Bolsonaro, que diariamente se acentua com a pandemia da Covid-19. A mobilização online tem sido uma das formas que a militância criou para se encontrar e pensar em conjunto ações concretas contra o presidente mais antipovo que o Brasil já viu.
A Plenária contou com a participação de referências da luta popular de diferentes campos no estado de Minas Gerais, como cultura, arte, luta por direitos, esporte, sindical, pastorais, movimento populares, e outras. Contou também com a presença de convidados para trazer análises sobre a conjuntura política, incluindo a jurista e ex-Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão Deborah Duprat, que iniciou a Plenária falando sobre a ameaça que é Bolsonaro para a democracia brasileira.
Para ela, “Bolsonaro desacreditou o processo eleitoral e manteve um discurso misógino, racista, fascista, homofóbico, contra indígenas e trabalhadores. Pior do que isso, armou a população colocando como alvo esses segmentos. O recurso à violência é uma negativa da democracia na perspectiva da igualdade”, e seguiu apontando que “o maior problema do Bolsonaro está na destruição dos equipamentos públicos pra criar direitos. A constituição de 88 é o primeiro documento que vai criar direitos para todas as pessoas em uma sociedade historicamente desigual e o Estado precisou se capacitar pra isso. Para salvar a democracia brasileira só com Bolsonaro fora e urgente” finalizou.
Já sabemos que a pandemia da Covid-19 acentuou a crise política, econômica e social existente em nosso país. No entanto, nunca se expôs de forma tão descarada a perversidade de uma sociedade cujas raízes escravocratas seguem enraizadas mantendo uma escalada de ódio e violência.
A professora da UFMG Elza Mello, especialista em saúde pública, coloca o enfrentamento a essas características como um desafio a médio e longo prazo. “Temos presenciado a escalada do ódio, da violência, do individualismo absoluto. É isso que elege os bolsonaros da vida. Temos que fazer a lista na macro política, mas temos que passar todos os espaços da nossa vida.”
Segundo Elza, esse é o momento de o povo mostrar seu exercício de soberania. Uma vez que a estreiteza do pensamento político autoritário da extrema direita e da proposta econômica ultraliberal não permite ver que desenvolvimento do Brasil depende da garantias de direitos sociais efetivos, tais como saúde, educação, moradia, entre outros. “Precisamos conquistar a unidade na riqueza da nossa diversidade, e o que nos unifica nesse momento é a luta pela democracia, pelos direitos e pela liberdade. E isso se expressa num grito #ForaBolsonaro.”
Racismo e antifascismo
Levantando a mesma pauta de luta, as torcidas antifascistas têm assumido a linha de frente da mobilização de rua contra Bolsonaro. No último período, em meio a pandemia, diversos coletivos originários do futebol têm coordenado manifestações em pelo menos 15 capitais brasileiras, a exemplo de Belo Horizonte, Porto Alegre e Rio de Janeiro, onde torcedores dos principais clubes cariocas engrossaram marcha contra o racismo.
Vitor Canto, da Pavilhão Independente, relata que o Bolsonaro é um produto do capital estrangeiro com a burguesia nacional e entrou na classe trabalhadora por meio do discurso do ódio, que cresceu no enfraquecimento das instituições, principalmente sindicatos, movimentos estudantis; e se soma a isso a máquina de desinformação e descrédito à educação e à ciência. “Enfrentamos hoje a era da pós verdade, é o debate da opinião, não tem mais um argumento científico. isso é muito nocivo porque excluiu o conceito de classe, o desafio pra esquerda é recuperar esse conceito, e se faz isso através de uma frente ampla para garantir o mínimo de democracia que temos”, afirmou.
Já Rogeris Alberto, da Resistência Alvinegro, ressalta a importância de unir debates prioritários para a existência das pessoas nas comunidades com a política. “Futebol e política se misturam e debatem juntos. Muita gente acha que não pode, mas nós entramos com essa pauta e identidade. Temos que debater e enfrentar a política social e comunitária, ficamos muito longe de várias outras questões políticas. O Estado quando vem, chega pra oprimir. Temos que chamar a comunidade para conversar, para fazer parte dos movimentos. A gente quer o povo na rua e lutar contra o fascismo e o racismo.”
Lutar contra o racismo é lutar contra o fascismo, e o desafio colocado para as organizações é como pensar em uma sociedade efetivamente democrática que enfrente ambas as questões com igualdade. É nesse sentido que a ex-ministra de Estado das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Lino, faz sua saudação à Plenária e aponta que “se nós queremos reconstruir esse país e construir uma outra democracia, precisamos refletir sobre as desigualdade raciais e sobre o racismo estrutural que existe em nossa sociedade e que afeta de forma contundente a vida de negras e negros. É preciso que ao dizermos que ‘vidas negras importam’, nós reflitamos e pensemos ações efetivas que mostram de fato que elas importam. Trazer para as discussões da frente um dos eixos tem que ser o combate ao racismo é muito importante.”
Além das pessoas convidadas, vários parlamentares estiveram na plenária e fizeram saudações. Os movimentos e organizações potencializaram o debate e tiraram encaminhamentos necessários para este período. Confira:
1. Organizar um Dia Nacional de Mobilização Fora Bolsonaro, realizando ações de redes, ações simbólicas e panelaço no dia 10/07;
2. Realizar uma Plenária Nacional Popular pelo Fora Bolsonaro envolvendo milhares de pessoas para lançar a Campanha Fora Bolsonaro no dia 11/07;
3. Massificar os abaixo-assinados para pressionar o Congresso a abrir o processo de Impeachment;
4. Estimular ações de agitação política e comunicação a partir de uma identidade visual comum para a Campanha Fora Bolsonaro: (carros de som nas periferias; simbologia para as janelas; pichações; faixas);
5. Estimular as Campanhas de Solidariedade neste momento de pandemia;
6. Associar a luta pelo “Fora Bolsonaro” com o “Fora Zema” aqui em MG;
7. Intensificar as ações em torno de nossa Plataforma Estadual de Emergência, precisamos pressionar o Estado para efetivação das nossas medidas propostas;
8. Construir uma campanha de enfrentamento ao programa neoliberal do Governo Zema, a exemplo das privatizações (CEMIG, COPASA, CODEMIG, GASMIG) e reforma da previdência;
9. Realizar plenárias regionais da FBP para massificar a campanha Fora Bolsonaro/Fora Zema;
10. Realizar plenárias municipais da FBP para construção de plataformas/programas para os municípios e fortalecimento das disputas contra extrema direita;
11. Próxima Plenária Estadual da Frente Brasil Popular dia 07/07, às 18 horas.