Diante da crise agravada pelo Coronavírus e a ausência do governo no cumprimento de seu papel, são as ações de solidariedade que estão fazendo a diferença para os mais vulneráveis. Dentre elas, a Campanha “Vamos precisar de todo mundo” organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que já doou 1500 toneladas de alimentos.
Publicado 01/05/2020 - Atualizado 04/06/2020
A histórica data de celebração dos trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo, o dia 1º de Maio de 2020, no Brasil, está marcado pelas ações de solidariedade que acontecem em todo o país durante o período de isolamento provocado pelo Coronavírus. Cientes da ausência do Estado em ações efetivas para amenizar o sofrimento dos desempregados e dos mais vulneráveis, os movimentos sociais e sindicatos se uniram em ações solidárias para estender a mão ao próximo.
A Solidariedade, tão aclamada nesses dias por alguns setores patronais, embalada em pompa e marketing, é parte natural da dinâmica dos movimentos sociais e sindicais. A capacidade de empatia entre os trabalhadores e as populações vulneráveis, muitas vezes, é condição básica para a sobrevivência. Esta dura realidade voltou ao cotidiano da sociedade brasileira, que retornou ao mapa da fome desde 2018 e, agora, agravada com a pandemia do Coronavírus, atingindo principalmente a população mais pobre.
Nesse sentido, a campanha Vamos Precisar de Todo Mundo, lançada no dia 7 de abril pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo para integrar ações, dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de solidariedade, já arrecadou e distribuiu mais de 1.500 toneladas de alimentos e 40 mil cestas básicas, além de milhares de máscaras, álcool em gel e produtos de limpeza e higiene pessoal.
Compõem essa rede, entre outros, a Central de Movimentos Populares (CMP), o Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD), a Rede Periferia Viva, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), as Brigadas Populares, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), as mulheres da AMESOL (Associação de Mulheres da Economia Solidária de SP), a Rede Urbana de Ações Socioculturais (R.U.A.S), o Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), como também a CUT e outros coletivos que chegam todos os dias.
Ações em números
Dentre os movimentos que já conseguiram fazer um balanço das ações solidárias, a Central de Movimentos Populares (CMP) e suas mais de 1500 entidades filiadas, confirma que foram realizadas ações em 25 estados, com distribuição de 689 toneladas de alimentos, cerca de 35 mil cestas básicas e milhares de marmitex, produtos de higiene e limpeza. A Frente Povo Sem Medo, que atua em 23 estados brasileiros, contabiliza a distribuição de 210 toneladas entre alimentos e produtos de higiene e limpeza. Com ações no Piauí, Pará, Rondônia, Minas Gerais, Paraíba, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, o Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), já distribuiu 2 toneladas de alimentos, além de 2400 cestas básicas, centenas de sacos de carvão para uso doméstico e 300 máscaras entregues para a população mais carente.
Alimentos Agroecológicos
Somente durante a campanha, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), abrangeu 24 estados com doações de seus produtos agroecológicos. O Dia Internacional de Luta pela Reforma Agrária, comemorado em 17 de Abril, marcou a maior ação do Movimento, com cerca de 30 atividades de doações espalhadas pelo país. O MST dedicou essa ação nacional às vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás, que aconteceu há 24 anos, quando a polícia do Pará assassinou dezenove trabalhadores Sem Terra.
Já foram doadas mais de 500 toneladas de alimentos agroecológicos produzidos nos acampamentos e cooperativas do Movimento. Outro destaque do MST é a campanha Marmita Solidária, que arrecada, produz e distribui alimentação para população em situação de vulnerabilidade nos centros urbanos e já abrange cinco estados.
O MST ressalta que as distribuições das marmitas são possíveis pela doação de produtos da reforma agrária vindos dos acampamentos e assentamentos. Para celebrar o Dia do Trabalhador, haverá mais ações do MST pelo Brasil. No entanto, a organização avalia que, para os assentamentos, já está ficando mais difícil continuar com as doações sem receber nenhum apoio do governo.
1º de Maio: Solidariedade, saúde, emprego e renda
A Central Única dos Trabalhadores também está em várias ações, atuando com os movimentos e campanhas que se somam nesse trabalho solidário, como a Quarentena com Direitos, a Mãos Solidárias, e a Nós Por Nós.
Juntas, a CUT e demais Centrais, frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, partidos políticos progressistas e todos e todas que priorizam a luta e a vida da classe trabalhadora, realizam o 1º de Maio Unificado, com as bandeiras principais deste Dia Internacional do Trabalhador: Solidariedade, saúde, emprego e renda.
Mas, a defesa da democracia, do Estado forte, do fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), do direito à segurança, à vida e condições dignas de trabalho e o Fora, Bolsonaro também são pontos fortes na programação do Dia do Trabalhador.
Ato Nacional
Pela primeira vez na história do movimento sindical, as atividades que tradicionalmente marcam o Dia do Trabalhador serão realizadas somente na internet. Não haverá rua, mas terá live com duração programada de 4 horas, com apresentações artísticas e mensagens dos representantes da classe trabalhadora e das instituições democráticas.
A partir das 11h30 desta sexta-feira (1º), trabalhadores de qualquer parte do País poderão assistir à live nacional organizada de forma unitária pelas Centrais Sindicais CUT, Força, UGT, CSB, CTB, CGTB, NCST, Intersindical, A Publica -, com o apoio das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo.
Artistas de diferentes estilos se apresentarão durante a live do 1º de Maio Solidário. Entre eles Chico César, Zélia Duncan, Otto, Preta Ferreira, Dexter, Delacruz, Odair José, Leci Brandão, Aíla, Preta Rara, Mistura Popular, Taciana Barros, Francis Hime e Olivia Hime, entre outros.
Você pode assistir ao ato nacional, à partir das 11h30, no link: https://bit.ly/3c4srXe
Como contribuir para as ações da Rede de Solidariedade
O site todomundo.org vai inaugurar, nesse 1º de Maio, um QR Code que direciona para o link doeaqui.todomundo.org, uma plataforma disponibilizada pela CUT para facilitar a quem quer fazer doação.
Além disso, o site está disponibilizando um mapa com os pontos de solidariedade, um vídeo de apresentação e as informações sobre as ações financeiras dos parceiros da rede solidária.
Outros pontos de coleta e como contribuir, estão disponíveis nas redes da Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, além do próprio todomundo.org, que agrega informações de todo o Brasil.
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