PLATAFORMA EMERGENCIAL PARA O ENFRENTAMENTO DA PANDEMIA DO CORONAVÍRUS E DA CRISE BRASILEIRA

Proteger a vida, a saúde, a renda e o emprego  As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, movimentos sociais, populares e estudantis, centrais sindicais, partidos políticos, tradições religiosos e […]

Proteger a vida, a saúde, a renda e o emprego 

As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, movimentos sociais, populares e estudantis, centrais sindicais, partidos políticos, tradições religiosos e entidades da sociedade civil, signatárias deste documento, preocupadas com a vida do povo brasileiro, apresentam e defendem uma plataforma emergencial, para salvar o nosso povo da tragédia da pandemia do novo coronavírus, da crise econômica, da falta de renda e da irresponsável política do governo do presidente Jair Bolsonaro, que pode matar milhares de brasileiros. 

O momento que atravessamos não tem precedentes na história recente. A humanidade vem conhecendo o inimigo e suas próprias fragilidades durante a batalha. Não temos, nem ninguém tem, a receita mágica para superar essa situação.Nos pautamos pela defesa da vida, pela confiança no conhecimento científico e na consciência de que o egoísmo e o individualismo de nada valem para enfrentar essa crise. Todas as saídas passam pela submissão de interesses privados aos de toda a sociedade, pela ação coletiva, por união e solidariedade popular. 

Nesse contexto, o Governo Federal, ao não assumir medidas eficazes contra a crise, tornou-se a principal ameaça para a segurança e bem-estar da população brasileira. Ao contrário de liderar a nação no combate à pandemia, o presidente da República atua abertamente para sabotar medidas de proteção ao povo brasileiro, na contramão das medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Medidas simples como a quarentena, a universalização de testes da Covid-19, e a garantia de renda básica para trabalhadores e trabalhadoras que vêm sendo aplicadas na maioria dos países em todos os continentes. 

É por isso que, além de propor alternativas, nos somamos às vozes de milhões de brasileiros e brasileiras que têm manifestado diariamente seu repúdio ao presidente Jair Bolsonaro e exigido o fim de um governo que joga com a vida e a morte de seres humanos. 

Nossa economia é controlada pelo capital financeiro e por corporações transnacionais que, mesmo antes do coronavírus, já vinham impondo as piores condições de vida ao nosso povo. O vírus chega ao Brasil em um momento de estagnação econômica, desmonte de serviços públicos, aumento da pobreza, da desigualdade social. O mercado de trabalho está fortemente precarizado, com alto desemprego e com grande parcela dos ocupados em empregos informais, sem proteção social. 

A crise provocada por uma pandemia expõe a irracionalidade e insensatez dos projetos neoliberal e neofascista que hoje dirigem a nação. A anulação de direitos sociais, a privatização de serviços e empresas públicas, o assalto aos recursos públicos por grandes empresas e bancos, a desregulamentação e precarização do trabalho e a negação do Estado como garantidor de direitos humanos e sociais são fórmulas que só nos afastam da solução dos problemas mais urgentes do povo. 

Para todos nós que reivindicamos um projeto democrático e popular para o Brasil é impossível, portanto, dissociar a mobilização social para o enfrentamento da pandemia daquela por uma mudança qualitativa e programática de governo no país. A persistência de um governo e um governante orientado por interesses particulares e empresariais, que atua na contramão das evidências científicas e limita a ação estatal no combate à crise, dificulta enormemente a superação dessa situação pelo povo brasileiro. 

Evitar que a situação se agrave ainda mais exige propostas eficazes e concretas. Pensando nisso, reunimos um conjunto de medidas viáveis que podem contribuir para diminuir as dramáticas consequências da atual crise econômica e sanitária. Apresentamos neste documento propostas para aglutinar as forças sociais para dialogar com a sociedade brasileira sobre a responsabilidade coletiva de revertermos um quadro cujos prognósticos são pouco otimistas. Esperamos que o Executivo, o Legislativo e o Judiciário acolham tais propostas, agrupadas nos seguintes eixos: 

  1. Condições básicas para salvar nosso povo
  2. Promoção e fortalecimento da saúde pública
  3. Garantia de Emprego e Renda para os trabalhadores
  4. Proteção social, direito à alimentação e à moradia para todos
  5. Direito à alimentação para todas as pessoas
  6. Direito à moradia digna
  7. Reorientação da economia e da destinação de recursos públicos 

Temos uma longa e decisiva batalha pela frente, que somente será vencida se conseguirmos dar unidade de ação ao nosso povo e reorganizarmos a vida em sociedade. Nossa vida não pode mais ser controlada pela ganância do capital.

MEDIDAS DE EMERGÊNCIA 

1- Condições básicas para salvar o nosso povo 

É necessário adotar o método do isolamento social horizontal, chamado de quarentena. Todas as pessoas devem permanecer em casa circulando apenas para o estritamente necessário (aquisição de alimentos, medicamentos e busca de serviços essenciais), exceto aquelas que atuam em atividades ligadas aos serviços essenciais. 

O objetivo desse método não é o de apenas evitar que mais pessoas contraiam a doença, mas principalmente o de desacelerar a velocidade da sua propagação, evitando o colapso do sistema de saúde, de modo que todos os que precisem possam ser tratados condignamente e que mais vidas sejam salvas. 

Para que isso seja possível e efetivo é necessário: 

a) Suspender as aulas e atividades escolares presenciais em todos os níveis e em todo território nacional, com proteção à saúde das crianças filhas de trabalhadores e trabalhadoras dos serviços essenciais; 

b) Paralisar todas as atividades industriais e de serviços, com exceção daquelas ligadas aos serviços essenciais, fiscalizando o cumprimento dessa determinação; 

c) Suspender parcialmente o transporte público de massa, garantindo-se condições seguras para o deslocamento dos trabalhadores de serviços essenciais; 

d) Garantir a renda e o relaxamento de obrigações financeiras das famílias visando a manutenção das condições de vida da população enquanto perdurar a crise sanitária; 

e) Assegurar aos trabalhadores da saúde a segurança, os instrumentos e as condições para que possam tratar as pessoas, salvar vidas reduzindo os riscos de sua contaminação, de seus colegas e familiares; 

f) Garantir a segurança aos demais trabalhadores de serviços essenciais, viabilizando seu acesso aos EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), treinamento adequado para utilizá-los, bem como tenham a saúde monitorada e locais de higienização das mãos em espaços públicos reduzindo os riscos de sua contaminação, de seus colegas e familiares; 

g) Assegurar a transparência das informações sobre a evolução da pandemia, sobre as ações governamentais e sobre as medidas de prevenção por meio de campanhas de comunicação massivas, permanentes e por todos os meios. 

2 – Promoção e fortalecimento da saúde pública 

a) Ampliar o gasto com a saúde pública: fortalecer o SUS em todos os níveis, garantindo o orçamento necessário para seu pleno funcionamento e para o combate, acolhimento e tratamento das pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Em 2016, o orçamento da saúde representava 4,36% do gasto público. Em 2020, esse percentual caiu para 2,97%; 

b) Garantir o teste para coronavírus para toda a população que apresente sintomas, inclusive através de equipes de coletas do teste domiciliar; 

c) Aumentar os investimentos no complexo da saúde: indústria de equipamentos, produção de fármacos, formação e contratação de profissionais da saúde, ampliação imediata dos equipamentos de saúde (unidades de atenção básica e centros hospitalares); 

d) Fortalecer a estrutura e os mecanismos de controle social do sistema de saúde, reforçando o papel mobilizador, fiscalizador e de difusão de informações em saúde das partes envolvidas – gestores, trabalhadores, instituições de pesquisa e usuários; 

e) Controle do Estado sobre o todo sistema de saúde, hospitalar e de medicamentos com adaptação de equipamentos para atendimento, construção de hospitais de campanha e investimento na pesquisa pública para a produção de medicamentos de prevenção e tecnologias para higienização de espaços públicos; 

f) Ampliação dos leitos de UTI, convocação de todo o pessoal necessário entre estudantes e agentes comunitários com garantia de abonos, remuneração e horas-extras correspondente; 

g) Garantir a visita das equipes do Programa Saúde da Família às residências das pessoas idosas e de alto risco, atuando no acompanhamento da saúde e dando a orientação necessária para a conduta de isolamento durante a pandemia; 

h) Reconversão das indústrias para fabricação urgente de todos os equipamentos e insumos necessários para o combate, atendimento e tratamento para as vítimas do coronavírus, tais como: oxigênio, máscaras, materiais de higiene e desinfecção, fármacos, ambulâncias, leitos hospitalares, respiradores artificiais e equipamento de tratamento intensivo, com recursos do BNDES; 

i) Liberar as pessoas encarceradas em condição de risco, como os idosos com mais de 60 anos, as mulheres grávidas e os que têm problemas de saúde anteriores; 

j) Manter e aumentar a vigilância nos portos e aeroportos para proteger a população do ingresso de vírus oriundo do exterior; 

k) Estabelecer a cooperação internacional com outros países e organismos internacionais para adoção no Brasil das mais bem sucedidas práticas combate e controle do coronavírus. 

l) Proibir a recusa de atendimento, por inadimplência, dos segurados dos planos de saúde privados enquanto durar a pandemia. 

3 – Garantia de Emprego e Renda para os trabalhadores e as trabalhadoras 

a) Garantia de estabilidade no emprego e na renda para todos os trabalhadores e trabalhadoras formais no período da crise, por meio dos diversos instrumentos de políticas públicas existentes e, caso necessário, com a criação de novos mecanismos; 

b) Garantia de renda emergencial de um salário mínimo mensal até o fim da pandemia para os trabalhadores e as trabalhadoras informais do campo e da cidade, por conta própria – que tiverem perda de rendimentos, total ou parcial, desempregados não cobertos pelo seguro desemprego e para todos que necessitem se afastarem do trabalho para cuidar de crianças em recesso escolar ou de dependentes adoentados. O que será feito através dos diversos instrumentos das políticas assistenciais e de seguridade existentes e, caso necessário, com a criação de novos mecanismos; 

c) Adiamento do pagamento de contribuições sociais para os trabalhadores/as conta própria e microempreendedores durante a redução ou cessação das atividades econômicas desses trabalhadores/as; 

d) Ampliar imediatamente o seguro-desemprego pelo período necessário, conforme os desdobramentos da crise sanitária e econômica; 

e) Revogação da MP 927/2020 que dá aos patrões o poder de suspender os contratos de trabalho sem negociação e sem remuneração e autoriza um conjunto de medidas prejudiciais aos trabalhadores e as trabalhadoras no que diz respeito à jornada, a inspeção e à segurança no trabalho;

f) Garantir a ultratividade da negociação coletiva (manutenção do acordo/convenção até que outro seja fechado) pelo período de 180 dias ou até que a crise causada pelo novo coronavírus seja superada; 

g) Cobrar e propor às empresas, entidades patronais e instituições públicas a constituição de comitês, em conjunto com os sindicatos de base, para acompanhar a crise, garantir transparência das ações implementadas e promover iniciativas visando reduzir a propagação da doença nos locais de trabalho. 

4 – Proteção social 

a) Zerar a fila do Bolsa Família e elevar imediatamente para um salário mínimo mensal os benefícios de todas as famílias cadastradas no Programa; 

b) Suspensão de todos os procedimentos administrativos que visem a retirada de beneficiários dos programas sociais e previdenciários; 

c) Fazer um mutirão para assegurar o atendimento à distância para todos os que estão na fila do INSS; 

d) Pagamento de auxílio-creche no valor de 1 salário mínimo para contratação de um cuidador/a domiciliar para os/as profissionais de saúde com filhos menores de 12 anos; 

e) Ampliar a licença-maternidade para as trabalhadoras que voltariam as suas atividades no período da quarentena; 

f) Liberação e ampliação dos recursos para assistência estudantil nas instituições de ensino tecnológico e superior, garantindo-se a manutenção dos auxílios de permanência, bolsas de estudos e de iniciação cientifica, inclusive com auxilio suplementar para alimentação nos casos em que os restaurantes universitários não possam manter seu atendimento; 

g) Suspender o retorno dos trabalhadores e das trabalhadoras afastados por auxílio doença pelo período em que durarem as medidas de redução da circulação de pessoas e/ou de confinamento geral da população; 

h) Garantir a isenção do pagamento do consumo médio mensal nas tarifas de energia elétrica, água e gás encanado por 4 meses para todas as famílias de trabalhadores formais e informais. Fornecer um botijão (13 kg) de gás de cozinha por mês para todas as famílias que necessitarem. Proibir a realização de cortes, cobrança de multas e aplicação de aumentos a qualquer um desses serviços enquanto durar a pandemia. Congelar o preço do gás em botijão (13 kg) em R$40,00. 

i) Suspender a cobrança de aluguéis até um mês após o fim da situação de calamidade, incluindo os locatários que têm um único imóvel alugado beneficiados por programa de renda básica emergencial. Suspender o pagamento das prestações dos contratos do Minha Casa Minha Vida e demais programas de habitação popular; 

j) Suspensão ou redução das mensalidades dos cursos de graduação e pós- graduação das universidades privadas e anistia, enquanto durarem as medidas de quarentena, aos estudantes trabalhadores informais e por conta própria impossibilitados de exercerem suas atividades. Nenhuma matrícula deve ser impedida, por atraso de mensalidades, no próximo semestre. 

k) Garantir o acesso a sabão, álcool e material de higienização às famílias mais pobres e em situação de risco nas periferias das cidades. Priorizar a limpeza pública de todas as periferias das cidades para controlar a disseminação do vírus; 

l) Adoção de medidas emergenciais para resolver a crise de abastecimento de água: reparos na distribuição de água e uso de caminhões-pipa. Sem água, não é possível realizar medidas básicas de higiene, como lavar as mãos — e muitos lugares no Brasil simplesmente não têm acesso à água. 

m) Redobrar esforços para prevenir e punir a violência doméstica e familiar durante o período da quarentena, oferecendo canais efetivos de denúncia e atendimento urgente às mulheres, trabalhadoras domésticas, crianças e população LGBTI; 

n) Implementar um plano emergencial de proteção social e garantia de saúde às famílias indígenas, quilombolas, ribeirinhas e pescadoras, migrantes e imigrantes, sem-terra e acampados, garantindo a execução de ações de saúde baseadas na Política Nacional de Saúde Integral dos Povos do Campo, das Florestas e das Águas; 

o) Suspender qualquer ato ou ação que possa perturbar a vida e a permanência dos povos e comunidades em seus territórios. Fechar e acesso aos territórios indígenas e quilombolas, exceto para os agentes públicos de saúde e assistência social. 

p) Respeitar os povos indígenas isolados e de recente contato como forma de proteção à saúde destes povos; 

q) Criar uma política de proteção e integração efetiva dos migrantes e refugiados na cidade ou no campo, obedecendo à nova Lei do Migrante (no 13.445/2017) e aos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário; 

r) Disponibilizar espaços públicos de higienização (banheiros, chuveiros e lavanderias públicas) e distribuição de kits de higienização para a população em situação de rua. 

s) Estabelecer cooperação internacional para implantar no Brasil ações já adotadas com efetividade em outros países para a proteção social de suas populações. 

5 – Direito à alimentação para todas as pessoas 

a)Organizar de forma massiva a produção e distribuição de alimentos saudáveis da agricultura familiar nas cidades, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos-PAA. Fortalecer a Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB para operar com os agricultores familiares e garantir o abastecimento de hospitais, comunidades e instituições públicas que tenham necessidade; 

b) Viabilizar o acesso à merenda escolar ou conceder recursos financeiros para que as famílias possam garantir a alimentação das crianças; 

c) Distribuir alimentação em kits individuais (quentinha) para a população em situação de rua. Intensificar e reforçar o acompanhamento da assistência social à população em situação de rua. 

c) Distribuir sementes, mudas e equipamentos aos agricultores familiares/camponeses visando ampliar a produção de alimentos; 

d) Desapropriação por interesse público de imóveis rurais próximos às grandes cidades para resolver a situação das famílias acampadas, garantindo moradia e políticas públicas para a produção de alimentos de forma rápida para o povo da cidade; 

e) Distribuir cestas básicas de alimentos para as comunidades e populações que estão na linha da pobreza, que terão dificuldades de acessar apenas com os recursos do Programa Bolsa Família; 

6 – Direito à moradia digna 

a) Organizar um plano especial para atendimento das populações mais fragilizadas, que vivem nas ruas, palafitas, favelas e cortiços, para viabilizar condições de moradia digna, com possível remoção, utilização de imóveis públicos e desapropriação de imóveis privados; 

b) Proibir qualquer ação de despejo de famílias em áreas urbanas e rurais; 

c) Transformar hotéis, equipamentos públicos e imóveis sem uso nas cidades em locais de moradia provisória para as populações que vivem abaixo da linha da pobreza e em situação de risco. 

7 – Reorientação da economia e da destinação de recursos públicos 

a) Adequar a política econômica à prioridade da guerra contra o coronavírus, aumentando os investimentos públicos realizados pelo Estado e a coordenação das atividades econômicas, para garantir a saúde, o emprego e a renda do povo; 

b) Revogar a Emenda Constitucional 95, que limita os gastos sociais, e reorganizar o orçamento da União para, prioritariamente e de forma emergencial, atender as demandas colocadas por esta situação também emergencial; 

c) Fortalecer o papel dos bancos públicos, disponibilizando crédito sem juros, com carência e prazos dilatados para o pagamento, beneficiando autônomos, microempreendedores individuais e pequenas e médias empresas e empreendimentos de agricultura familiar; 

d) Estabelecimento de controle público sobre os preços de itens essenciais, tais como energia (eletricidade, gás e combustíveis), alimentos essenciais (arroz, feijão, carnes, etc.) e produtos de higiene pessoal. 

e) Suspender o pagamento das dívidas de estados e municípios com a União, com os bancos públicos e com organismos internacionais e autorizar novos empréstimos para investimentos públicos emergenciais; 

f) Garantir o repasse dos fundos de participação de estados e munícipios, acrescidos de parcelas extras, além de ampliação dos gastos em saúde e políticas sociais, com a suspensão dos efeitos da Lei de Responsabilidade Fiscal; 

g) Suspender por tempo indeterminado a cobrança de todas as dívidas de pequenas e médias empresas, estabelecimentos agrícolas, estudantes de faculdades privadas, FIES e das pessoas aos bancos e ao governo; 

h) Estimular e apoiar as indústrias, a produção agrícola e os serviços voltados para as necessidades colocadas diante da situação emergencial; 

i) Controlar a exploração dos recursos naturais (petróleo, minérios, água, biodiversidade), suspendendo processos de privatização e concessões e instituindo planos de ação para colaboração das empresas desses setores no enfrentamento da crise social, econômica e sanitária (tributação extraordinária, oferta de produtos e serviços gratuitos ou a preço de custo, paralisação das atividades não essenciais, etc.); 

j) Revogação dos cortes recentes de bolsas e recursos dos projetos de pesquisa das instituições de ensino e pesquisa e ampliação imediata dos recursos para as pesquisas e desenvolvimento de métodos, kits de testes, equipamentos e dispositivos necessários para o enfrentamento da pandemia, tanto para as instituições de pesquisa quanto para a indústria; 

Conclusão 

Compreendemos que é fundamental a suspensão de todas as votações do Congresso Nacional que excluam direitos da classe trabalhadora, bem como a revogação da Medida Provisória 905 (criação da Carteira Verde e Amarela) e a retirada das PECs emergenciais enviadas pelo governo, antes da pandemia, que limitam a capacidade de ação do setor público. 

Conclamamos que os dirigentes do movimento sindical e popular, as lideranças das diferentes tradições de fé, as direções dos partidos políticos comprometidos com a democracia, os movimentos feministas, o movimento negro, os movimentos da diversidade sexual e coletivos de juventude, cultura e comunicação, enfim, que todas as formas de organização social de nosso povo difundam e promovam o debate destas propostas. 

Também reforçamos que todos e todas realizem ações e atuem na construção de uma grande rede popular de solidariedade para apoiar o atendimento das necessidades mais urgentes do nosso povo mais pobre organizando a difusão de informações sanitárias, a arrecadação e distribuição de recursos financeiros, alimentos, medicamentos, material de higiene, roupas, etc. 

Saudamos os trabalhadores e as trabalhadoras da saúde, da assistência social, da saúde mental, da segurança pública, de serviços essenciais e os que se dedicam a produzir e distribuir alimentos. São estas pessoas que assumem a sua vocação para o bem comum e enfrentam a pandemia do novo coronavírus para garantir o funcionamento necessário da sociedade. 

As propostas emergenciais aqui apresentadas visam derrotar o coronavírus no Brasil, proteger a vida humana, a economia nacional e as condições de vida nosso povo desde um ponto de vista democrático e popular. O governo federal, sujeito de várias de nossas propostas, tem atuado como aliado da epidemia, em particular o Presidente da República. Dessa forma, Jair Bolsonaro tornou-se um dos principais obstáculos a serem derrotados pelo povo brasileiro na difícil missão de superar esta crise. 

Após vencermos essa epidemia, o que certamente alcançaremos pelo esforço coletivo e solidário, muito haverá de ser feito para recuperar nossa nação. Acreditamos que somente governos democráticos e comprometidos, em primeiro lugar, com os interesses do povo poderão levar adiante um verdadeiro projeto popular para o Brasil. 

Brasil, 31 de Março 2020 

Conteúdos relacionados
| Publicado 21/12/2023 por Coletivo de Comunicação MAB PI

Desenvolvimento para quem? Piauí, um território atingido pela ganância do capital

Coletivo de comunicação Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) no Piauí, assina artigo sobre a implementação de grandes empreendimentos que visam somente o lucro no território nordestino brasileiro

| Publicado 30/03/2020

EM TEMPOS DE CRISE:?