Royalties para as comunidades atingidas por Jirau e Santo Antônio já!
A compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos (CFURH), ou chamado de royalties é uma compensação paga pelos consórcios responsáveis por usinas hidrelétricas que usufruem dos recursos hídricos e pelas […]
Publicado 03/04/2020
A compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos (CFURH), ou chamado de royalties é uma compensação paga pelos consórcios responsáveis por usinas hidrelétricas que usufruem dos recursos hídricos e pelas áreas alagadas
A Lei Federal nº 13.360 de 2016 estabelece que 7% do valor da energia gerada deve ser repassado para os municípios com áreas alagadas, estado e união. No entanto, a fórmula que calcula esse valor a ser repassado utiliza uma média de preços (Tarifa Atualizada de Referência TAR), valor abaixo do lucro real que os consórcios obtém através da especulação da energia no mercado livre. Se levarmos em consideração o que as empresas realmente lucram com a venda de energia, a Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos (CFURH) pode chegar a menos de 1% do lucro real dos consórcios de hidrelétricas.
A legislação previa a partilha das compensações financeiras na seguinte proporção: 45% para os municípios, 45% para o Estado e 10% para União. Mas esta divisão foi alterada com a Lei nº 13.661 de 2018, e os municípios passaram a receber 65% do montante. Com isso somente em 2019, o município de Porto Velho recebeu 109 milhões e 288 mil reais, e o valor segue crescendo conforme aumenta a geração de Jirau e Santo Antônio.
A CFURH é utilizada em benefício das comunidades atingidas pela implantação das hidrelétricas?
Deveria, mas na prática não é o que acontece. As compensações financeiras pela estão sendo utilizadas pelo executivo municipal de Porto Velho para o pagamento de mão de obra, manutenção predial e afins. Apesar de Porto Velho receber milhões todos os anos pelo funcionamento das usinas no rio Madeira, as comunidades e distritos atingidos permanecem em situação de profundo abandono. Quem vive nos distritos e nas comunidades atingidas pelas usinas sabe a realidade e quão violentos são os impactos que as hidrelétricas trouxeram para a vida das famílias, porém essa vulnerabilidade nunca foi encarada de fato pelo poder público. Há muitas promessas em políticas públicas, porém nunca foram colocadas em práticas, o que desconsidera os atingidos pelas grandes mazelas geradas por Jirau e Santo Antônia, por exemplo.
Nos estudos técnicos realizados durante o processo participativo de revisão do novo plano diretor municipal, elaborados pela equipe técnica municipal e o Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM), há o reconhecimento de que os impactos das usinas desestruturaram as comunidades atingidas. Os estudos técnicos também apontam a necessidade do Município de fazer mais presente nos distritos, que estes não permaneçam mais esquecidos, ou lembrados somente em época de eleição.
O Movimento dos Atingidos por Barragens convoca todos atingidos e atingidas dos distritos de Porto Velho a reivindicar que 20% das compensações financeiras pela utilização dos recursos hídricos (CFURH) sejam destinados aos distritos e comunidades atingidas por barragens, em investimento nas áreas de: saúde, educação, geração de renda e infraestrutura. Reivindicamos que a destinação das compensações financeiras para os distritos e comunidades atingidas seja regulamentada na forma de lei municipal.
Água e Energia com Soberania, Distribuição da Riqueza e Controle Popular!