Atingidos exigem justiça por Dilma Ferreira e todos os mortos em chacina no Pará
Atingidos seguem mobilizados acompanhando as audiências do caso e exigem justiça por Dilma Ferreira e todos os mortos em chacina no Pará
Publicado 29/11/2019 - Atualizado 17/03/2023
Acontece hoje, 29 de novembro, no Fórum de Baião (PA), a terceira audiência sobre a chacina que, em março deste ano, levou a execução de 6 pessoas, incluindo Dilma Ferreira Silva, integrante da coordenação regional do Movimento dos Atingidos por Barragens(MAB) na região atingida pela hidrelétrica de Tucuruí. Dezenas de atingidos estão mobilizados para acompanhar a sessão e exigir justiça.
Fernando Ferreira Rosa Filho, conhecido como “Fernandinho” e apontado como mandante dos assassinatos, também é acusado de vários outros crimes na região, como tráfico de drogas, grilagem de terras, roubo a banco e homicídio. O mandante, além de proprietário de supermercados e hotéis na região de Novo Repartimento, também é dono da fazenda vizinha ao Assentamento Salvador Allende, onde morava Dilma e seu marido, Claudionor Costa da Silva, também executado junto com um amigo da família, Milton Lopes.
Dois dias depois às execuções de 22 de março, três trabalhadores da fazenda de Fernandinho foram mortos e tiveram seus corpos queimados, sendo o casal de caseiros e o tratorista. Segundo as investigações policiais, o grileiro tinha interesse na terra do assentamento e construía, na sua fazenda, uma pista clandestina para pouso de aeronaves para o tráfico de drogas. De acordo com testemunhas, tanto Dilma quanto os trabalhadores tinham conhecimento da obra ilegal.
Na audiência de hoje, além de ouvir as testemunhas, também será decidido sobre o pedido da defesa, para que Fernandinho possa responder em liberdade usando tornozeleira eletrônica. No momento, o acusado segue em prisão preventiva e novos fatos que venham a acrescentar na denúncia podem forçar a continuidade da prisão. Fora o mandante, um intermediário e mais um dos quatro irmãos que executaram o crime estão presos; dentre os demais, um está foragido e os outros dois foram mortos.
O crime brutal contra Dilma, de repercussão internacional, também guarda evidências de tortura e estupro e, somando-se aos demais assassinatos, qualifica mais uma chacina contra o povo trabalhador e que luta. O MAB vem acompanhando todos os momentos do processo desde as primeiras investigações, dando assistência às famílias das vítimas, mobilizando os atingidos da região para cobrar justiça e denunciando mais este crime como parte do processo de criminalização e violência contra os atingidos e lutadores do povo.